Ozildo Alves lamentava mais um anúncio de majoração dos preços dos combustíveis e do gás de cozinha em cerca de 7%, lamentava o jabuti na nova lei do setor elétrico que pode elevar o preço da energia elétrica em mais de 20% e, de quebra, comentou a saudade dos pauloafonsinos da empresa de ônibus do seu Telmo. Também lamentamos.
A Petrobras evoca as leis internacionais ditadas pelo dólar e pelo preço do barril de petróleo. O jabuti do deputado baiano tem por objetivo gerar fundos para a pesquisa e agilização de energias alternativas e a nossa empresa atual parece não suportar a concorrência dos transportes alternativos (de passagem, comentamos, na época, a prestação possível da empresa do senhor Telmo e publicamos a discordância de alguns).
Para crescer e ser rentável, e ter a confiança dos acionistas; e para ser parte do “mercado”, a Petrobras tem que se comportar dentro daqueles parâmetros. Para termos energias alternativas – se o Brasil voltar a crescer satisfatoriamente, precisaremos de uma Itaipu por ano –, é preciso investimento nas pesquisas. Para um serviço de transporte satisfatório, a empresa precisa faturar.
Uma das soluções seria o recurso aos subsídios que estão fora de moda e que ainda são praticados em alguns países. Com eles, o Estado cumpriria o seu papel de moderador e regulador de mercados.
Poderia ser assim. Mas temos um probleminha: o governo não dispõe de recursos para tal. A arrecadação equivale ao custeio, às mordomias e ao pagamento dos juros da dívida interna que cresce assustadoramente.
Não há crescimento sem investimento. Qualquer comerciante de primeira viagem sabe disso. É de Aristóteles Onassis a afirmação segundo a qual se alguém não estiver sempre querendo mais, terá sempre menos. É, lamentavelmente, tristemente, desgraçadamente, a situação atual do Brasil. Não é necessário diploma de economia para se chegar a esta conclusão.
Assim sendo, creio termos chegado à conclusão que a Petrobras, o deputado baiano e a nossa empresa estão livres, leves e soltos de culpa. Se quisermos crescer para o desenvolvimento, temos que nos conformar em sermos, em continuarmos a ser, esfolados. A alternativa seria a descoberta de um poço de dinheiro nos fundos do Palácio do Planalto ou do Ministério da Economia.
É o início do naufrágio que previmos neste site. É a concretização da profecia que fizemos há cerca de quinze anos quando a dívida não passava de quinze bilhões de reais (agora na casa dos trilhões).
Agora, Inês é morta. A placa no centro de Lisboa, “Cadeia para os que endividaram o país”, seria apenas um consolo. Teremos que nos conformar com a esfola. Nenhum mago, bruxo ou feiticeiro virá nos salvar. Com efeito, poderemos não chegar ao fundo abissal do oceano; se passarmos a comer carcaça de peixe, osso de boi, abrirmos mão das consultas médicas, abolirmos as viagens, reduzirmos as refeições, cortarmos os lanches, andarmos de bicicleta, voltarmos ao chinelo e ao tamanco, andarmos aos trapos...