O leitor já conhece o poema. O convite, agora, é para considerar a interpretação da composição musical. Os atores, em pé firme, roupas simples do povão, em frente a uma casa velha típica do mesmo povão, se engajam e dialogam em uma cumplicidade que beira a perfeição.
Notável e perfeito o arrebatamento de um para outro da linha melódica em ritmo eminentemente brasileiro. Das notas simples e feministas da flauta, ao som barítono, às vezes baixo, do trombone de vara machão, um só enlevo.
E eles tocam como o povo vive nas esquinas, nos bares e nas favelas. Chapéu de malandro de um, boina de intelectual auto definido de outro, eles tocam. E tocam. Tocam a nos encher a alma de prazer. A flautista, feminista pelo simples fato de ser mulher, toca em condição de igualdade. Leve e solta, como solto o canto mavioso da flauta, ela toca.
O leitor vai me permitir lembrar os concertos da Orquestra Sinfônica da Universidade Federal da Bahia. Banquetes que eu frequentava temperados pelo prazer de um dos contrabaixistas ser meu pai e um dos flautistas meu tio por parte da minha mãe. Os dois não mais presentes, o prazer é exponencial.
E o nosso ambiente de gozo e prazer supremo consequência da obra magistral de Pixinguinha.
Francisco Nery Júnior
P.S. Veja o vídeo abaixo ou, para ver depois, acessar a interpretação clicando, no Google, Rosa de Pixinguinha pelo grupo Casa Velha.
Que bom Professor Nery, que a tua sensibilidade, o reconhecimento desses valores chegou a um deles e, certamente aos demais. Fico muito feliz em ter aberto esse espaço para a cultura, a música, mostrando a outro público esses talentosos músicos. O aplauso é para o cronista Francisco Nery e, naturalmente para todos esses que fazem esse Grupo Casa Velha! Parabéns!
O titular do cavaquinho do Grupo, Rafael Meira, nos enviou a seguinte mensagem:“Que maravilha!Fiquei bastante tocado em receber essa surpresa!Obrigado! Vou repassar aos demais integrantes.Um abraço!Rafael Meira”
Nobres Isac e Marcos, é que vcs têm ouvidos para ouvir e olhos para enxergar!
Prof. Nery, escreve poeticamente... Belo texto caro confrade.
Simplesmente demais.