Nosso pano de fundo é a crise energética e o corte de verbas para o Ministério da Tecnologia. Os reservatórios do Brasil já não conseguem mais garantir água suficiente para girar as turbinas das nossas hidrelétricas. Rio Paraná com uma seca histórica e a Usina de Belo Monte incompreensivelmente planejada para funcionar a fio d’água. Em época de regime hídrico reduzido, mal fornece água para uma das dezoito máquinas. Neste site, previmos que, um dia, iríamos lamentar a falta de bom senso. Estamos a lamentar.
Cremos que quase todos nós não entendemos por que o Brasil não decola. O então candidato à presidência da República, o doutor Enéas Carneiro, arrazoava, em 1994, sobre a necessidade de elegermos pessoas preparadas para governar o Brasil. Lamentava que nós nos dobrássemos perante países com muito menos potencial econômico que o nosso.
E, de dedo apontado na direção prevista, seguro e em riste, enfatizava a necessidade do preparo. Com certa ironia, argumentava a sólida e constante formação de um piloto de avião.
Brasil [quase] quebrado e de cobertor curto, o jeito do governo é puxar um pouco mais pra lá e cortar parte das verbas destinadas à pesquisa. Sem ela, não avança o desenvolvimento das energias alternativas. A ameaça de um apagão nacional não é desprezível.
Verifiquemos a percepção do perigo registrada pelo antigo candidato há quase trinta anos em um debate eleitoral. Não espere o leitor que lhe demos o título de gênio. Ele apenas sabia-se mais um João Batista a pregar no deserto das terras brasileiras. E dizia Enéas:
“Eu me permito discordar do senhor. Quero dizer o seguinte: se não é fundamental que se tenha nível de escolaridade, como resolver, por exemplo, a questão energética? Não vi nenhuma referência a uma questão crucial. Nós temos no Brasil uma riqueza incomensurável e nós nos curvamos diante de países que detêm quase zero de reserva energética. Nós temos sol o ano inteiro. Um dia de sol equivale a 315 mil usinas de Itaipu funcionando o tempo todo. Ninguém fala nisso. Ninguém fala nos grandes problemas gigantescos que afligem o mundo moderno. Não falam por ignorância específica no assunto. Eu defendo que é preciso preparo específico porque, para dirigir um avião, é preciso formação. Para dirigir um país, ela é também fundamental.”
Francisco Nery Júnior