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Professor Nery

A Escola Rural da professora Dirce Jorgina

Publicada em 23/11/21 às 23:40h - 1155 visualizações

Francisco Nery Júnior


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A Escola Rural da professora Dirce Jorgina
Da esq. para a dir: Professora Nery Fauaze, irmã do autor, Zilda Aranha, madrinha, professora Dirce Jorgina, engenheiro Severino Siqueira, Alex e Liz no aniversário de 3 anos de Mário Nery.  (Foto: Acervo do autor)

O barco é o capitão. Assim era a Escola Rural. A Escola Rural da Chesf era eminentemente a professora Dirce Jorgina. Segura e firme, sem brigar com ninguém, assim era a professora Dirce na direção da Escola Rural. Não importando os percalços surgidos no relacionamento entre os membros de qualquer grupo, não tenho notícia de qualquer desentendimento digno de nota entre a diretora e componentes outros da escola. Agenda sempre à mão, palavras sempre pensadas e medidas antes de saírem da boca, olhar ponderado, mesmo complacente, assim era Dirce Jorgina na direção da Escola Rural. 


Uma vez foi perguntada o que fazia para eu ser seu amigo. Não sei o que respondeu. Só sei que ela era direta, sem rodeios e – fundamental – sem hipocrisia. Não revelava maldade. Um cão danado, todos a ele – menos a professora Dirce Jorgina. 


Seu esposo, o engenheiro Severino Siqueira Campos, era vizinho e amigo. Tão descontraído e despido de pompa hipócrita quanto Dirce. No período da montagem da Usina Luiz Gonzaga, em Petrolândia, tive o ensejo de acompanhá-lo até o canteiro de obras, ocasião em que passei por um verdadeiro curso sobre montagem de uma usina de energia elétrica. 


Uma vez, sobre morarmos provisoriamente nos alojamentos do “Grupo G”, me respondeu sabiamente: “É, mas vamos passar a chuva bem passada”. Transferiu-se para uma casa ampla, já casado com a professora Dirce, e gerou os filhos Alex e Liz Andrade Siqueira Campos. 


Passada a chuva que lhe foi reservada por Deus, no caminho para Salvador, ainda mais perto de Paulo Afonso, fomos todos, consternados, pegados de surpresa com morte de Severino em um acidente na estrada. Desta vez a transferência foi para a Eternidade. 


Aposentada a partir de 2001, a professora Dirce transferiu-se para Salvador. Morava em um prédio na Ladeira da Barra onde o sol da Baía de Todos os Santos prodigamente castigava a fachada. Resolveu mudar-se para outro apartamento com brilho mais discreto. Esse foi o meu último diálogo com a minha antiga chefe, colega e amiga que me tratou com toda a consideração possível no sistema de ensino da Chesf. 


Em 10 de agosto de 2020, a professora Dirce Jorgina faleceu em Salvador. Aos seus filhos Alex e Liz, e a todos os seus amigos e colegas, ficou a saudade de uma mulher valente que saiu do Rio de Janeiro e aqui chegou em 1º de junho de 1971 para ajudar a Chesf em um projeto visionário e promissor para o Nordeste do Brasil. 


Francisco Nery Júnior




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3 comentários


F.Nery Jr.

24/11/2021 - 10:29:08

Comentário sobre a E. RuralVocê e Alex, Liz, são privilegiados pelos pais que tiveram. O texto teve que ser sucinto. Quando escrevia, vinham à mente várias lembranças. Lembro que a minha mãe sempre dizia que certas pessoas ternas – que eu tento em vão imitar -, não são deste mundo. Assim me lembrei quando a notícia do passamento de Severino chegou a Paulo Afonso. Vcs são ainda mais privilegiados pela avó paterna que tiveram. O cuidado dela por Severino era tocante. Cristã de quatro costados, era uma testemunha viva do poder de Deus. Uma vez, coisa mais ou menos assim, inventou comprar um ônibus, ou lotação, para empreendimento. A fonte financiadora, claro, era Severino (kkk). Não sei se deu certo!!!! E os seus avós maternos (ele foi membro do Exército da Salvação) que estão enterrados no cemitério de Paulo Afonso. Prof. Galdino poderia receber mais histórias para nós nos alegrarmos. Os pesquisadores futuros agradecerão.


Liz

24/11/2021 - 08:43:19

Professor Nery: fiquei muito feliz com a homenagem a minha mãe e as palavras ao meu pai. Tenho certeza que minha mãe está muito feliz e grata com a sua homenagem e do Sr. Galdino em seu belíssimo livro “Os caminhos da educação de Forquilha a Paulo Afonso”. Ela sempre quis escrever um livro sobre a Chesf e tudo que viveu em Paulo Afonso, mas por diversos motivos não foi possível, por isso acredito que onde ela estiver está realizada. Ela sempre contava as histórias da época da Escola Rural com muito orgulho e saudade. Histórias ótimas, algumas engraçadas, como quando falava das peripécias dos alunos para fugir das aulas. A coragem e a generosidade eram as marcas registradas da minha mãe, durante toda a vida, ela sempre reagia de forma tão digna e valente as adversidades que eram impostas a ela, sem jamais se vitimizar ou esmorecer ela enfrentava tudo de forma leve, bem humorada, um exemplo de resiliência e força. E foi assim até o último dia de vida. Tenho muito orgulho, respeito e admiração por tudo que ela foi, pela trajetória dela. Ela cumpriu a missão dela aqui na terra com maestria, só deixou saudades, como vc mesmo mencionou no texto ela era sempre muito firme, segura sem precisar brigar com ninguém. Obrigada pela belíssima homenagem .👏👏👏👏🙏


Professor Galdino

23/11/2021 - 23:50:30

Professor Nery: A Professora Dirce Jorgina teve uma importância fundamental tanto na manutenção do Curso de Técnicas Agrícolas mantido pelo COLEPA/CHESF como na criação, desde a sua formatação, do Curso Técnico de Agropecuária, que profissionalizou muitos estudantes de Paulo Afonso. Na Escola Rural, que era na verdade o embrião do sonho do Presidente Apolônio Sales de criar a FAZENDA ESCOLA, como modelo para o Nordeste, Dirce Jorgina foi professora e diretora e também minha chefe, uma vez que comecei ali a minha atividade de Professor na Chesf. Com informações complementares de Alex, seu filho e de Zezé Andrade (ex-Secretária da Escola Rural e do COLEPA) dediquei 4 páginas do meu livro Os Caminhos da Educação a esta grande educadora que nos deixou há pouco mais de um ano.


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