O Orçamento da União é impositivo na sua quase totalidade, o que descaracteriza qualquer governo nivelando todos pela base. Ruim para um país continental sem infraestrutura consolidada. Na hipótese de um governante visionário desenvolvimentista, a anulação certa da hipótese de um grande salto para a frente como aconteceu na era [Getúlio] Vargas e no governo Juscelino Kubitschek. Na Bahia, na era Antônio Carlos Magalhães e no governo Rui Costa. Desnecessário qualquer esforço adicional para que o leitor entenda o nosso título não o considerando ingênuo ou autofágico; quiçá paradoxal. O amor pela Bahia dos baianos torna tudo racional.
Li alguma coisa sobre ideologias, sistemas e governos e li algumas biografias. Sempre procurei me preparar para colaborar com o desenvolvimento do Brasil, na hipótese de encontrar mentes abertas, pragmáticas e visionárias como a dos chineses e canadenses; dos alemães do pós-guerra, na esperança de não encontrar ouvidos moucos. Os leitores pauloafonsinos estão a ouvir.
E li alguns livros sobre o governo do presidente americano Richard Nixon, da safra dos presidentes que literalmente combateram na Segunda Guerra Mundial. Não importando o apelido de Tricky Nixon (complicado, sujo, manhoso, enrolão, cheio de truques), foi, no meu entender, um dos melhores presidentes dos Estados Unidos da América. Nixon seguia – com gosto peculiar – a cartilha para a sobrevivência no campo pastoso e escorregadio da política. A matilha de oposição conseguiu pegá-lo e ele foi cassado no meio do segundo mandato.
Nixon era o vice-presidente no Governo Dwight Eisenhower, ex-Comandante Supremo das Forças Aliadas que derrotaram o Nazismo de Adolf Hitler. Ele nutria grande respeito pelo general-presidente que considerava o seu mentor. Durante um episódio de desentendimento entre o presidente Eisenhower e um seu detrator, ambos amigos de Nixon, este tentou, amigo que era dos dois, fazer o papel de apaziguador. “Logo aprendi”, escreveu Nixon nas suas memórias, “que em situações como aquela, o mediador jamais conseguirá a confiança total dos contendores. Sempre pairará a desconfiança que ele está atuando em favor de um dos dois lados”.
A citação reminiscente do episódio da autobiografia de Richard Nixon surge em função do conteúdo do primeiro parágrafo desta matéria.
Sempre o amor pela velha Bahia, berço inquestionável do Brasil nascente.
Francisco Nery Júnior
O leitor vai encontrar o verbete "Orçamento Impositivo" para justificar a cessão [impositiva; obrigatória] de verbas federais para os deputados e senadores "gastarem" nas suas bases. Uma das coisas que aprendi em Toulouse, na França, é que lá existe a mesma prática, mas com uma diferença fundamental: o direcionamento ou o destino da verba, lá na base, é decidido por uma comissão ad hoc [formada na cidade ou local base do parlamentar].