Uma das minhas observações no Tribunal do Júri em Salvador era a perícia e a agilidade da datilógrafa do tribunal. Os dedos pareciam trabalhar sozinhos, os dez dedos. Eles fielmente copiavam declarações, questionamentos e respostas enquanto ela, do pescoço para cima, se ocupava em olhar em volta, corresponder saudações e ponderar procedimentos. Era a prática da datilógrafa experiente no salão do júri aonde eu ia, como estudante de letras da PUC, para beber na fonte o domínio e o trato da língua pelos luminares do Direito da Bahia. Assim a gente aprimora o gosto pelas coisas da mente, da educação e do espírito e adquire agilidade intelectual. Tem valido a pena provocar os nossos leitores.
Com respeito e reponsabilidade, interessado no retorno do leitor no mesmo nível, a lembrança da afirmação atribuída a Voltaire lavrada em comentário por Edson Mendes, acadêmico dos bons da Academia de Letras de Paulo Afonso, neste site: “Discordo inteiramente do que tu dizes, mas seria capaz de morrer defendendo o teu direito de pensar”.
E pensamos um pouco sobre nossos dois últimos artigos, Eleição Presidencial de 2022 e Quem Era Olavo de Carvalho. Em relação ao primeiro, empregamos o termo desenvolvimento como um processo além do mero crescimento. Em se tratando de seres humanos, cidadãos do Estado, fundamental a consideração da característica humana do cidadão. Poderíamos até subir um pouco na escala e considerar a felicidade daquele cidadão, termo esquecido caído em desuso nas palavras do professor Carlos Lessa.
No texto, citamos duas grandes ferrovias continentais em construção (sic). Poderíamos ter dito que estão sendo construídas há anos, principalmente a Norte/Sul.
Em relação aos 20.000 quilômetros de ramais ferroviários, trata-se, a concessão, de ramais privados de várias extensões a serem implantados com o capital privado. Após as despesas impositivas do Orçamento Federal, do pagamento dos juros da dívida pública e da concessão de mordomias injustificáveis para uma minoria, sobram apenas alguns parcos bilhões de reais para obras de infraestrutura pelo Governo.
O professor Olavo de Carvalho, intelectual elogiado por alguns e descredenciado por outros, emigrou para os Estados Unidos em 2008. A sua permissão de residência se baseou no princípio da adição ou soma de valores para a sociedade americana, no caso valores intelectuais.
Olavo de Carvalho poderia ser descrito como amante da polêmica, segundo vários testemunhos. Às vezes a impaciência e a rudeza prevaleciam. Esquecia-se, talvez, da conclamação de Jean Jacques Rousseau ao entendimento já que nada autoriza um indivíduo se considerar superior ao outro.
Não sabemos ainda a causa da sua morte. Segundo uma de suas filhas, houve complicações por força da aquisição da Covid-19. Se era negacionista da vacina ou se não se fez vacinar, perdeu a aposta e rendeu o devido pagamento à negação.
Finalmente, quanto à sua concepção de finitude material explicitada no final da nossa matéria acima referida – não há como negar a importância da declaração -, uma lembrança do apóstolo Paulo (nenhuma comparação): “Porque não me envergonho do Evangelho de Cristo Jesus”.
Francisco Nery Júnior
Nota do Editor: Os dois temas sobre os quais se refere o Professor Francisco Nery foram publicados neste site em dois artigos assinados por ele que podem ser acessados pelos links a seguir:
Sobre a Eleição presidencial -
link: https://www.folhasertaneja.com.br/noticias/colunistasprofessornery/603358/1
Sobre Olavo de Carvalho
link: https://www.folhasertaneja.com.br/noticias/colunistasprofessornery/603430/1