Matéria seguinte publicada no Le Figaro de Paris, em 08 de março, por Clara Marchaud, tradução de Francisco Nery Júnior
Na Ucrânia, as mulheres mobilizadas em todas as frentes
Treinamentos para o manejo das armas pelos civis são orquestrados com a ajuda de militares locais.
Quando elas não se oferecem como voluntárias para coletar roupas, alimentos, medicamentos, ou ainda equipamentos para o exército ou para os deslocados, muitas ucranianas participam do esforço de guerra e de resistência.
Na pequena cidade de Solonka, perto de Lviv, no oeste da Ucrânia, Anastácia Pasko, um pouco maquiada na face, com um sorriso leve e, sobretudo, com muita concentração, segura sem jeito um fuzil kalachnikov. Até bem poucos dias, esta estudante de 18 anos jamais havia pegado numa arma em toda sua vida. “Vamos lá, você levanta a trava de segurança, depois recarrega”, explica Mykola Pavlovsky, o instrutor militar encarregado do treinamento para civis. “É a minha primeira vez. Não é muito complicado e eu quero aprender a manejar”, sorri Anatasia.
Como um grande número de mulheres ucranianas, ela está pronta para pegar em armas. “Para defender minha casa, se os russos chegarem até aqui”, ela declara, mesmo se ela espera jamais ter que fazê-lo. Se a região tem sido até o momento relativamente poupada dos bombardeios russos, todo mundo, mulheres e homens, se prepara para a eventualidade de a guerra chegar até aqui.