Faleceu José Maria de Souza, professor e ex-diretor do Colégio Quitéria Maria de Jesus. Colega e amigo de Zé, fui pegado de surpresa, embora a minha mãe tenha me ensinado que os bons morrem cedo. No funeral, tocantes as palavras do padre; sábias, relevantes e oportunas. Ele enalteceu a figura do José Maria professor.
José Maria era uma daquelas pessoas que gosto de dizer ter inveja santa; se o leitor não considerar isto um paradoxo. Calmo e centrado, sabia contornar dificuldades e problemas. Decididamente, a calma é uma das virtudes dos justos.
Um pouco mais jovem que Zé Maria, o escritor Álvares de Azevedo faleceu aos vinte anos sem, contudo, deixar de nos legar a pérola que segue embutida na descrição do seu romance Noite na Taverna pelo apresentador:
“Duas mortes de amigos afetaram a vida do poeta. Em 1850, o estudante Coelho Duarte cometeu suicídio. Um ano depois, ocorreu o falecimento de João Batista Pereira Júnior. No discurso do funeral, Álvares de Azevedo proferiu: ‘Cada ano uma vítima se perde nas ondas e a sorte escolhe sorrindo os melhores dentre nós.’”
Do poema “Adeus, meus sonhos!” de Álvares de Azevedo, para, do leitor, gáudio, prazer, gozo e enlevo:
“Adeus, meus sonhos, eu pranteio e morro!
Não levo da existência uma saudade!
E a tanta vida que meu peito enchia
Morreu na minha triste mocidade!”
Francisco Nery Júnior
Zé Maria tinha 65 anos. Jovem, portanto. Se os bons morrem cedo, que o leitor não se torne mau em busca da longevidade. No texto, "pegado". "Pego", termo banido do vocabulário deste cronista. "Triste mocidade", no texto, talvez devido ao estado físico de Álvares de Azevedo que se esvaía na doença.