A primeira é Carol. Cinquenta e dois quilos de susto na entrada da Quatro Patas, clínica veterinária onde costumo salvar os meus amigos. Data vênia e ela me desculpe, mas é impossível conter o susto. Todas as quartas-feiras, por imposição das circunstâncias, é ela que dá as boas-vindas a quem adentra a clínica. Melhor dizendo, dá o susto – que é, na realidade, o início de uma grande amizade. São 52 quilos de meiguice e carícias; de parte a parte. Assim atestam as fotos agregadas.
A segunda é Lady. Assim a chamo pelo olhar que me lembra Lady Diana, a finada ex-futura rainha da Inglaterra. Lady, assim a chamo, já foi dito, é uma simples plebeia de menos quilos. Vaga na nossa rua nos garantindo a todos companhia, amizade, comprometimento e segurança. Ela impõe respeito e segurança na área, não importando ser a madrugada quente ou fria, calma ou assustadora. Ela vela por nós!
Menos pesada que Carol, é também um encanto. O carinho que recebe, recebe de todos os vizinhos. Não é exagero afirmar que existe mesmo uma competição velada de prestação de favores à nossa cadela. Pratos e potes se sucedem em portas e portões. Cuidados e remédios não faltam. Os seus latidos à noite se misturam ao silêncio e ao luar para nos velar. Dormimos o sono dos justos na cadência dos latidos de Lady.
Toda regra tem exceção, porém. Na sua antiga casa, por fome ou capricho, resolveu um dia saborear uma das galinhas do quintal. Foi expulsa a paus e pedras, adquiriu um trauma incurável, mas não abandonou os amigos ao redor. Dorme e se abriga em uma quitinete especialmente construída para ela em uma das nossas frentes invariavelmente a todos [nós] nos abanar a cauda. Este parágrafo explica adequadamente o parágrafo anterior.
Feliz, amada, livre, farta, paparicada, caqueada ou mimada, Lady é a proava viva que o inimigo, muitas vezes, querendo nos fazer um mal, nos faz um bem. Esta afirmação é bíblica.
Francisco Nery Júnior
P.S. Carol é a cadela da doutora Sandra Faccenda