De início, em tese, a condenação bíblica das palavras, relações ou linguagem torpe[s]. Como elegância não faz mal a ninguém, evitemos a linguagem torpe. Pode ser um desabafo, deixar a pressão sair, como dizem os americanos, mas, convenhamos, fica feio para quem olha; para quem vê ou para quem ouve. Os mansos, que herdarão a terra, são queridos de todos nós. São elegantes e transmitem paz, segurança, controle e confiança.
Mas como evitar os termos torpes, a linguagem chula, o palavrão que é o título da nossa crônica? Como resistir como Cristo resistiu a todas as tentações? No nosso caso, elas são muitas. Nos fazem pecar e perder a paz. Arranham seriamente a nossa comunhão com Deus.
No caso específico de Paulo Afonso, a tentação se consubstancia, para efeito do palavrão, na multiplicação (evitamos a palavra praga) dos quebra-molas. Mal planejados e mal mantidos, sem sinalização muitas vezes e sem a pintura chamativa definida em lei, eles nos pegam de surpresa para a soltura de um palavrão. Com o susto e o tombo, inevitável o palavrão.
Como na eventualidade de uma topada, ele sai quente. Alivia a dor, alivia a raiva e alivia a alma. Alivia tudo! Esta redação aprendi com o professor Hélio Rocha que acrescentou que o palavrão é [apenas] a alma explodindo. Ao contrário, ainda segundo o professor, a palavrinha fingida, a palavrinha hipócrita, esta fere e causa muitos males.
O agravante é a profusão de quebra-molas na cidade. O quebra-molas é o candidato mais natural e lógico para ser admitido como o símbolo da nossa cidade. Eles aparecem [de repente] em todas as nossas ruas. Estão a poucos metros uns dos outros, em becos e vielas, em entroncamentos de preferencias e em todos os cantos e recantos sabidos do leitor.
Passado o susto do tombo em um quebra-molas inesperado e irracional, a recomposição, talvez o arrependimento do palavrão, e a paz de espírito. Ainda bem que resta o consolo e a segurança do “Irai-vos, mas não pequeis”.
Francisco Nery Júnior