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Professor Nery

Vamos pensar 2

Segunda parte de Vamos Pensar

Publicada em 30/12/22 às 13:17h - 766 visualizações

Francisco Nery Júnior


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Vamos pensar 2
 (Foto: imagem ilustrativa)

Em 2 de novembro de 2022, há menos de 2 meses, publicamos, nesse espaço do site, um texto do Professor Francisco Nery Jr. intitulado: Vamos pensar? Com o subtítulo: Derrubando veleidades ou conceitos consagrados.


O texto teve 861 visualizações. 

Quem desejar acessá-lo neste site é só ir para o link abaixo:

https://www.folhasertaneja.com.br/noticias/colunistasprofessornery/661187/1

No texto a seguir – Vamos pensar 2 – decidimos utilizar as mesmas ilustrações do texto anterior: a figura do Pensador, de Rodin e um emoji cheio de ideias...

Do Editor.


Vamos pensar 2 

             Segunda parte de Vamos Pensar 


Dois termos o leitor vai encontrar no texto: néscio e inhaca. O primeiro, de acordo com os dicionários, significa sem discernimento, estúpido, ignorante, incapaz, inepto, bronco, bruto e inculto. O segundo, inhaca, significa fedor, bafio, bodum, catinga, murrinha, mau cheiro, pessoa chata. 


Assim dito, Cristo, algumas vezes, nos chamou de néscios - que somos. Somos e provamos. “Néscios e duros de coração...” Como então; por que então, se preferir o leitor: 


. Parcelamos uma compra de menos de cem reais. A aparente vantagem se esvai com as idas para o pagamento das parcelas, perda de tempo, gasto de combustível, etc.; 


. Corremos atrás do barato quando, na maioria das vezes, o barato sai caro. Comprei um escorredor de prato assim que casei. De aço inoxidável. A minha mãe comprou um de plástico. Dez anos depois, outro de plástico, mais dez anos e um de madeira. Nos últimos dez anos, comprou um igual ao meu. Pagou o preço de quatro escorredores e usou algo de qualidade inferior na maior parte do tempo. O meu continua em uso até hoje. 


. Recusamos as evidências da criação e de Jesus, o Cristo filho de Deus. As evidências (que gosto de denominar colheres de chá) abundam, se multiplicam e comprovam [isto]; 


. Acreditamos ganhar dinheiro na poupança em bancos quando a remuneração nem sempre funciona como mera correção monetária; 


. Compramos algo usado com pouca diferença de preço para o novo. Na agência, o carro novo custava R$10.000,00. Havia um usado, do ano anterior, por R$9.000,00. Qual a vantagem de comprar um carro usado e do ano anterior com apenas 10% de desconto? 


. Com as nossas inhacas, brigamos a arranjamos encrenca com o nosso vizinho. Vizinhos, no que depender de nós, devem ajudar uns aos outros na medida do possível. Algo pior que um mau vizinho? Isto é tão verdade que as senhoras recatadas e tradicionais da Bahia gostam de agradecer um favor com a expressão Deus lhe dê um bom vizinho; 


. Anulamos (na verdade os governos anulam) o esforço de produção das nações com os incompreensíveis e estratosféricos orçamentos militares; 


. Recusamos a atualização – na realidade aumento - do Imposto sobre Herança (que no Japão passa de 50%). Recusamos uma excelente via de justiça social, mesmo depois de mortos. O “dai e dar-se-vos-á”, na verdade o amor ao próximo, adoramos esquecer; 


. Nós nos endividamos acima da nossa capacidade de resgate para investir. Os juros extorsivos praticados no Brasil, a bíblia chama de usura. O empresário Antônio Ermírio de Morais tinha o seu próprio banco. Uma das coisas mais desagradáveis para mim é receber a fatura de um cartão de crédito. A chegada do débito anula a crença que o saldo que está na minha conta me pertence. O débito esquecido lá de trás chega e arrebenta com o meu controle financeiro; 


. Não dispensamos a escada rolante ou o elevador do nosso prédio por vezes. O conforto dos recursos modernos nos faz engordar e ter a pressão anormal. Sempre usamos o controle remoto e pegamos um transporte em pequenas distâncias quando poderíamos ir a pé. Ficamos barrigudos e enchemos o consultório do médico; 


. Não acreditamos que poupança faz milagres. Nós nos referimos à poupança que, pelo menos, corrige o desgaste inflacionário. Já sabemos que o caminho para a prosperidade é trabalhar, poupar e investir. Some o leitor todo o dinheiro que já recebeu na vida e constatará que recebeu uma “fortuna”. Dez ou vinte por cento que poderiam ter sido reservados para investimento não foram. Poderíamos, mesmo, tentar nos enganar. Quem não fuma, por exemplo, poderia se imaginar um fumante e poupar o correspondente ao custo de uma carteira de cigarro por dia. Digno de nota que o fumante pode morrer de uma das 52 doenças do vício do tabaco. Não há registro de morte pela poupança correspondente a uma carteira de cigarro por dia; 


. Almejamos a prosperidade e não apostamos no honrar pai e mãe, no dai e dar-se-vos-á e no buscai primeiramente o Reino de Deus e todas essas coisas vos serão acrescentadas; mandamentos com promessa de compensação imediata; 


. Insistimos em um desgastado esquema, modo de vida ou em conceitos inoperantes. Os mecânicos não perdem tempo com peças velhas. Quase sempre optam pela colocação de uma nova peça. Podemos verificar o monte de peças velhas empilhadas em um canto da oficina à espera da reciclagem nas usinas ad hoc; 


. Às vezes estabelecemos alvos inatingíveis. Com o não atingimento, podemos pirar. Li, recentemente, que a depressão é o mal do século. O autor do texto chama a atenção que, muitas vezes, a causa é o estabelecimento de alvos inatingíveis. Isto não anula o tão propalado sonhar alto. Não tão alto assim, podemos grafar; 


. Como muitos parentes e amigos, adoramos os remédios. Entrar na farmácia já se nos apresenta como meio caminho andado para a cura. Nós nos esquecemos que uma droga, tomada para atuar em um determinado órgão ou sistema, atua em todos os outros órgãos – que não necessitam do remédio. Evidente que as drogas salvam, curam e devem ser tomadas com responsabilidade e assistência médica; 


. Seguimos o que dita a moda como se a moda fosse um dogma irrefutável. Seguir a moda não é uma obrigação. Não precisamos ser cafonas e desatualizados, mas cuidado com o pessoal que adora arrancar dinheiro do nosso bolso; 


. Bebemos e fumamos. Nos drogamos e nos intoxicamos. Por quê e para quê? Adoecemos, nos desentendemos e provocamos acidentes. Nas festas, bebemos logo de saída e nos escornamos em um banco ou canto qualquer. Vomitamos e fazemos bobagens. Perdemos a festa tão caprichosamente preparada pelos anfitriões; 


. E lá na Bahia, na capital Salvador, ficamos horas e horas na fila do ferry-boat (sistema já saturado), em desconforto e impaciência, para economizar cinquenta ou sessenta reais de combustível na ida pela rodovia e para reduzir o tempo de rolamento em uma hora e meia. 


Talvez eu tenha escrito um pouco mais que o devido. Mas creio estar bastante claro que adoro mexer com a cabeça do leitor. 

Francisco Nery Júnior 




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