Já tínhamos a primeira-dama. Temos, agora, a nossa primeira-cadela. O nome dela é Resistência. Trata-se de uma cadela adotada pelo nosso primeiro-casal, Janja e Lula. Segundo informações, era uma cadela perdida que se abrigou no Acampamento Lula Livre perto do local onde o ex-presidente estava preso até ser adotada por Janja.
Elevada ao primeiro posto dos caninos do Brasil, subiu a rampa do planalto no dia da terceira posse de Lula na Presidência da República e, embora assustada pela pompa da cerimônia, iniciou um período de acomodação ao novo status – que torcemos irá gostar. Que não extrapole as suas funções como o cachorro de Emmanuel Macron que passou o dente na perna de um mandatário visitante de um certo país. Como o seu faro é exponencialmente superior ao do homem, pode ser que tenha descoberto algum detalhe que escapou ao serviço de segurança francês.
Foi o que me chamou a atenção na cerimônia de posse de Luís Inácio Lula da Silva neste primeiro de janeiro de 2023. O resto, não foi difícil antecipar.
De fato, muito me esforcei para detectar algo de relevante para o Brasil, quiçá revolucionário, promissor ou do mundo dos sonhos [realizáveis]. Algo como a Independência de Pedro I, a República de Deodoro, a Revolução de 1930 de Getúlio Vargas, os Cinquenta anos em Cinco de Juscelino, a vassoura saneadora de Jânio Quadros, a caça aos marajás de Fernando Collor, o Plano Real de FHC ou o critério técnico para a seleção de colaboradores de Bolsonaro.
Tivemos, isso sim, para o nosso deleite, a chegada da nossa primeira-canina. Imagino Otta vivo a receber a notícia. Certamente exultaria como nós outros. Agora, Otta teria a sua representante legítima no interior do palácio presidencial e, consequentemente, nos bastidores da política. Eureca e aleluia, diria. Melhor dizendo, latiria.
Belo exemplo a ser seguido e bela prova de humanismo e sensibilidade. Viva e aplaudimos; com as mãos e com o coração. De dentro do coração. Nossos caninos – os de Paulo Afonso implicitamente no meio - merecem o tratamento. São dóceis, amáveis e leais. Vencem a nossa obrigação para com eles. Não se impuseram e não pediram para serem domesticados. Apenas retribuem quadruplicadamente o carinho que lhe dedicamos.
E desta cadela, nunca e jamais ouviremos o desabafo de um pássaro cruelmente mantido em uma vil e perversa gaiola: “Não quero o teu alpiste! Por que me prendes? Solta-me, covarde!” (Olavo Bilac).
Frente ao exposto, desnecessário conclamar a militância para imitar o belo gesto do nosso primeiro-casal.
Francisco Nery Júnior
Fiz questão de assistir o honroso espetáculo desta posse, e sem intenção de ferir ao presidente do BRASIL ( que não me representa ) achei que a cadela RESISTÊNCIA não estava se sentindo " um peixe fora d'água " pelo contrário , estava sentindo - se muito a vontade estre os DEMAIS.