O cerco vai se fechando. Os abusados que se cuidem. Também animais, importa controlar os impulsos. Os assediadores estão, cada vez mais, assediados. Legitimamente assediados. É a lei. Pode ser um modismo [passageiro]. Carece não esquecer que legítimo vem de lex, legis que quer dizer lei em latim.
Os cuidados se impõem. Pra que aperreios? Os canais estão à disposição e desnecessários os riscos. A lei é dura, pessoal; a dura lex.
Seguia no caminho do almoço. A mãe e o filho menor, mais duas vistosas senhoras, subiam na minha frente. A uma peraltice do menor, a mãe sobre ele se debruçou e parcialmente obstruiu o caminho. Pacientemente parei, as duas senhoras à minha frente, se bem digo ao meu lado, e esperei. Botei pose, leitor! Há que haver motivação para as nossas conversas.
Surpreendentemente para mim, elas, as duas senhoras, riram o riso da surpresa e da satisfação. Devem ser matreiras, cuidadosas e perspicazes. Ri de volta selando a nossa conversa sem palavras.
Só arrisquei balbuciar, sorrateiramente nos seus ouvidos, baixinho para ninguém mais ouvir, que a minha postura paciente se devia ao meu medo de ser acusado de assédio sexual.
Acabamos todos a subida e nos refestelamos com a deliciosa comida à vista do lago mais terno, bucólico, feérico e também delicioso de Paulo Afonso. Voltamos para casa livres, lesos e soltos de qualquer tipo de ameaça ou desentendimento. Ficamos amigos.
Francisco Nery Júnior
P.S. Meu velho pai, ancião dos bons, costumava chamar a atenção para as coincidências. Pois esta crônica foi gestada poucas horas antes do imbróglio da expulsão dos dois participantes do BBB da Rede Globo.