Foi no Bomfim em Salvador. Saio, muitas vezes, para comprar pão ou coisa outra qualquer e subo a colina. A minha casa fica a um lançamento de pedra da famosa igreja. Subo, dou a volta, não em busca de benção (o Senhor já as concede aos que o buscam), mas pela paz que a colina, por si só, junto com a vista do mar da Baía de Todos os Santos, proporciona.
Nesse dia, havia acabado de plantar umas mudas de Nim no chamado Caminho da Fé, de Irmã Dulce até a colina, dádiva que me arvorei conceder em nome de Paulo Afonso. Isso feito em absoluto segredo, na caída da noite. O leitor já sabe que o segredo é a alma do negócio.
Antes, tinha colocado um pouco de compostagem feita em Paulo Afonso em uma catingueira, também levada da nossa cidade, plantada no sopé da colina há pouco menos de um ano. Está lá a testemunhar a ligação de Paulo Afonso e da caatinga do Nordeste com a capital do Estado.
Talvez cansado - os anciãos cansam mais ligeiro que os jovens leitores -, mãos sujas da bendita terra pauloafonsina, lá em cima como dito, uma resposta e um agradecimento de quem menos se podia esperar. As fotos que seguem dizem melhor que as mil palavras que poderiam ser ditas.
Ele, o amigo canino usado pela Providência, chegou, se insinuou – conversamos por alguns minutos -, e majestosamente cumpriu a tarefa. O cansaço foi embora e a sujeira se transformou em grãos de benção inigualável.
Ganhei e só ganhei – passando-os, se ganhos foram, para os leitores de uma cidade que, só por iluminar todo o Nordeste, já merece estar no pedestal das melhores do Brasil.
De volta, já na última esquina para a casa, de longe o vi, arriscando-se entre os carros e caminhões apressados, célere e altaneiro no caminho de volta para o seu ninho que desejamos amigo e acolhedor.
Francisco Nery Júnior