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Professor Nery

Um velhinho trabalhador - Oitenta e oito anos de trabalho e resistência

Publicada em 23/07/23 às 12:15h - 1066 visualizações

Francisco Nery Júnior


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Um velhinho trabalhador - Oitenta e oito anos de trabalho e resistência
 (Foto: Divulgação - Francisco Nery Júnior)

O leitor não se enganou. A foto é dele e os 88 anos de idade também. Vendia picolé, até que a visão não mais permitiu.

Não se resignou em casa, porém. A foto diz tudo e tenho que parar de escrever para não estragar a festa, quero dizer, o exemplo para nós todos de um senhor de idade (não sei se posso grafar velho sem o perigo de ser processado) nordestino daqueles da cepa de primeira.

Eu sempre comprava seus picolés. Aqui pra nós, data vênia, sempre ficava um troco. Quando o encontrava embaixo do sol abrasador, desanimador para nós outros, sempre lhe "pagava" uma dívida imaginária que tinha com ele. E ele sorria. Sorria, agradecia e me abençoava. Tenho que dizer aos leitores que colho os resultados - o maior deles, o leitor a ler esta crônica.

Seguia de carro para a casa da sogra e comentava com a esposa haver um bom tempo que não encontrava o velho amigo. Alguns tiros de pedra mais adiante, apenas alguns poucos metros, a cena registrada para exemplo e meditação de todos nós, talvez vergonha; cena de um amigo que nunca procurei saber o nome nem onde mora.

Aos oitenta e oito anos de idade, seguia um brasileiro engabelado por boa parte dos nossos dirigentes, políticos a maioria, ávidos pelo seu voto; seguia o camarada, o parceiro, o companheiro, o próximo com o frete da feira de uma senhora simpática para, com o seu trabalho, amealhar uns poucos trocados para a sua sobrevivência.

Francisco Nery Júnior




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4 comentários


Katia

25/07/2023 - 08:47:22

Ser lembrado em vida é muito importante. Esse senhor “veinho do picolé” assim chamávamos com muito carinho. Meu filho amava, só passar na frente de casa, Bnh, sempre pedíamos pra entrar, sempre tratávamos com muito carinho. Meu filho ficou adulto, e até hoje sentimos saudades do “veinho do picolé”. Amei a matéria, parabéns!


João de Barros Lima Filho

23/07/2023 - 21:40:36

Excelente artigo, ressalta o sertanejo forte e sem o devido apoio do poder público, bem como da bondade de tantos para fazer a vida do próximo um pouco melhor!


Manoel Rozrndo Filho

23/07/2023 - 12:41:54

Caro Galdino e Professor Nery .Já comprei muito picolés a este cidadão a frente da Prefeitura e muitas vezes para ajuda.lo oferecia a pessoas próximas.Hj fui a missa e os idosos presente receberam uma benção pelo o dia de hj .Quero repartir a minha com este cidadão guerreiro com seu 88 anos.Deus é bom estou perto dos 80 e agradeço ao bom Deus por já ser bisavô de uma neta e um neto .Maitê e Jake.


Geliton Pereira da Silva

23/07/2023 - 12:35:46

Tive o prazer, assim como vocês de inteirar com sertanejos arretado como esse. O artigo é muito bom revive nossa memória.


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