Como um mealheiro me induziu a ajudar
Quero dizer ajudar ao próximo. Ir além do governo. Não esperar – nem espicaçar - o Estado.
Tinha um mealheiro e ia sempre colocando moedas recebidas ao voltar para casa. A um certo tempo – eu quase todos os dias as recolhia – precisei de um montante que não tinha nas mãos por um motivo qualquer.
Para minha decepção, pouco ajudou aquele montante. Era muito pouco. Foi quando me apercebi que dando ou descartando moedas de real de quando em vez para pedintes na rua era fazer muito pouco. Se perder, era muito pouco. Se me achava bom samaritano, bom samaritano não era.
Evoluí um pouco. Pra que viver sem evoluir – para melhor? Passei a comprar bugigangas em ônibus e esquinas de feiras; esforço de concidadãos sem oportunidade ou desvalidos da sorte, muitas vezes deixando o troco ou não levando a mercadoria.
Convencido de ser [isto] muito pouco, a razão da inconfidência agora para o leitor. Em confidência, pensamos juntos e a mão esquerda, por isso, nos perdoa.
Por coincidência, pela Jovem Pan, programa do Pânico, a notícia de um cidadão que resolveu fazer a sua parte comprando pequenos doces e produções outras caseiras nos meandros da sua cidade.
Não importa a carga dos nossos impostos. As moedinhas a mais que acabamos de falar fazem muita diferença para os necessitados. Assim procedemos até porque outros [assim] já fizeram por nós.
Francisco Nery Júnior
Boa reflexão Um jornal para ler todos os dias