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Professor Nery

CIEPA, amor à primeira vista - Nos tempos do Ciepa

Publicada em 21/09/23 às 12:25h - 1074 visualizações

Francisco Nery Júnior


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CIEPA, amor à primeira vista - Nos tempos do Ciepa
 (Foto: Fotos - Arq. Jornal Folha Sertaneja e Antônio Galdino)

Eu era professor do Colepa, da Chesf. À primeira vista – não me lembro o que fui fazer por lá – uma olhada para dentro de uma sala de aula e algo diferente. Até a raça diferente. O amor e a liberdade tornam as coisas belas! Com o passar do tempo, a verificação de o bairro, lá pelo Ciepa, ser celeiro de bons alunos. Deve haver alguma lógica.  

E me encantei pelo Ciepa. Era o Ciepa da professora Noêmia e o barco sempre será o capitão. Fiz um concurso e para lá entrei. Quarenta horas semanais mais quarenta pelos lados da Chesf, um tombo pesado. Após dez anos, pedi demissão com o protesto, data vênia dizer, de alguns colegas. Deixar o Estado?! Sim, deixar. A vida não é só dinheiro e Deus proveria; como proveu. O Ciepa não mereceria um trabalho esgotado e egoísta de minha parte. Dez anos fora e novo concurso. Passei de novo e voltei, pessoal – e me aposentei após rodar, até agora, [pelo Ciepa] por cerca de quarenta anos. Sempre passo por lá orgulhoso de o Governo da Bahia estar tratando o Ciepa como ele sempre mereceu.

Professor Antônio Nascimento, atualmente no terceiro mandato de Prefeito de sua terra Natal - Jaguarari/BA. 

Professora Maria Noêmia Cortes dos Anjos, diretora do CIEPA   


Comecei lá atrás. Primeiro dia de trabalho, a professora Noêmia na cabeceira da mesa. Era uma reunião. A minha intenção era ficar calado. Quem chega, chega de mansinho. Mas a diretora se queixava de um retorno muito baixo de um “investimento” que conseguiram dela arrancar, fundos da Caixa Escolar. Quatro mil não sei o quê (cruzeiros?) tinham sido investidos em uma espécie de cantina que traria muito lucro. O espanto – e a queixa - de Noêmia era o retorno baixo de apenas 200 cruzeiros.  


Como ela insistisse na sua decepção, resolvi arguir: “Mas, Noêmia, ainda bem que houve retorno. Mal ou bem, houve rendimento!” E a resposta característica de uma diretora de quem o colégio se orgulha até hoje: “Lucro coisa nenhuma, menino!”. Do capital inicial (4000 cruzeiros) entradas e saídas, compras e vendas, só restaram 200 cruzeiros. 

 

Fui para o Ciepa e resolvi fazer diferença com uma diretora diferente. Conseguimos arborizar o colégio. Sombra e consolo para os jovens estudiosos. Algumas mudanças outras com os parcos recursos de que dispúnhamos. Projetei a primeira rampa de acesso para deficientes. “Apenas um na escola”, observou Noêmia já “assessorada” pelos ativos de plantão. “Muitos outros virão no futuro”, ponderei. Dá gosto passar pelo Ciepa e ver rampas de acesso em todos os lados. 

 

E no início, fui pra lá com gosto. Eu já havia verificado, misto de espantado e feliz, que lá era possível dar aulas como me haviam ensinado na faculdade. Fui, então, com gosto. Do outro lado, a “queixa” nociva que eu “estava me dedicando demais”. As meninas, Helena, Ivone, Nazaré haviam me colocado como coordenador de área. Educação para o Lar, Inglês e Técnicas Agrícolas. Com Técnicas Agrícolas, algo relacionado com a manutenção do ambiente escolar.  


Foi quando, em um fim de semana, com o auxílio de Genival e seu Antônio, pegamos um monte de blocos queridos de Noêmia reservados para um projeto posterior. Pegamos o tesouro de Noêmia e marcamos canteiros e vielas pela vasta extensão do Ciepa. A recomendação de Noêmia [foi] para ir mais devagar e ouvir [também] a opinião dos outros. A turma é muito competente e presente nas opiniões.  


Abro um espaço para deixar lavrado que lutamos contra todas as tentativas de arrancarem de nós a nossa área escolar. Data vênia, um orgulho santo de ter liderado a luta para a preservação de espaços que tornaram possível a ampliação e a construção de vários equipamentos no Complexo Cetepi-1, antigo Ciepa. Desnecessário dizer que enfrentamos algumas caras feias e fizemos alguns inimigos. 

 

A nossa horta escolar, pessoal, funcionou e forneceu hortaliças e legumes para a merenda escolar. Com o apoio da direção, com poucos recursos e dedicação, dinamizamos as atividades de educação para o lar, dedicação comovente da professora Helena.  


Caminhando para o final, o reconhecimento a uma plêiade de funcionários todos pela dedicação que tornou possível o desenvolvimento do Ciepa para o Cetepi eficiente dos nossos dias. Se houvesse educação de qualidade no Brasil, já seríamos uma potência mundial. Com educação, decolaram a Coreia do Sul e a China. Já teríamos decolado. O indivíduo educado não estagna. Uma cabeça pensante sempre descobre um meio para decolar. Não admite a miséria. Não se conforma e protesta. Miséria, fundamentalmente com Deus, não casa com educação. O homem educado, vale insistir, aproveita os recursos à sua disposição – a terra é pródiga – e decola.  


Um detalhe de gente boba, como o autor: das muitas dádivas recebidas pelo Ciepa, Picolé, o nosso cachorro mascote que morreu de velho na nossa escola, amado e paparicado por todos nós. Picolé foi uma benção. Quantas aulas desenvolvidas com Picolé à porta como a querer atestar, para os alunos, que aquilo era o que tínhamos que fazer; que a educação era o único caminho para um mundo melhor!  


Amamos Picolé. Dele – e do seu harém - a saudade. Com ele, definitivamente sepultado no nosso pátio central, a certeza de termos todos feito o que nos foi confiado. Poderíamos ter feito melhor. Feito mais. Mas fizemos o possível.  


E contemplamos hoje, ao passar, um Cetepi, queremos dizer um Ciepa, retumbantemente vitorioso para aproveitamento e felicidade dos alunos de Paulo Afonso, objetivo final de toda a saga do Ciepa.  


Francisco Nery Júnior 


P.S. Após Noêmia, Antônio a tiracolo; Vera, dedicação total; João e Lourdes; Jadilson; Adélia; Wallace. 


Fotos históricas de estudantes do CIEPA em momentos marcantes de sua passagem por este Centro Integrado de Educação de Paulo Afonso Dr. Luiz Viana Filho.

Desfile cívico do CIEPA - 1974


Formatura do CIEPA - 1974


Alunos do CIEPA - início dos anos de 1980


CIEPA -  1982


Desfile do CIEPA -  (sem data) (Foto do acervo da Psicóloga Ana Batista, identificada pela seta)


Baile de formatura do CIEPA -  (sem data)


1º B - Eletrônica do CIEPA - 1987

Handebol do CIEPA - 1996


4º A - Magistério do CIEPA - Formandos 1996


Formandos Magistério do CIEPA - 1996


Banda Marcial do CIEPA - 1997


Formandos de Magistério do CIEPA - 2000

Formandos de Magistério do CIEPA - 2001




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5 comentários


Marcus Vinícius Ribeiro de Moraes

24/09/2024 - 10:15:50

Hoje como aluno da turma subsequente do curso de Segurança do Trabalho, tenho orgulho em estar frequentando esse espaço histórico e encantado onde outrora foi o saudoso CIEPA, fui aluno do seu colégio "rival" nos jogos estudantis onde formei-me Técnico em Agropecuária, o COLEPA, mas amo saber que fui e sou, um pouquinho dos dois! Vida que segue....entre erros e acertos, ainda tive a satisfação de vê-lo, vez por outra, alimentando os cães que por lá vagueiam, professor Francsico Nery. Abraços f


F. Nery Jr

25/09/2023 - 08:36:29

. Purgando um esquecimento imperdoável: Terezinha, dedicação ao Ciepa e à área de Técnicas agrícolas


Edson Barreto

22/09/2023 - 22:24:27

Parabéns, professor Nery, o Ciepa é um estandarte da educação em Paulo Afonso e no Brasil. Sou um ex-aluno e, hoje, professor.


Luciano Jr

21/09/2023 - 13:27:05

Prezados mestres Nery e Galdinofui aluno do "eterno" CIEPA, com muito orgulho.Com um estive aprendendo inglês e "ecologia", com o outro língua portuguesa.Já com o CIEPA tive as primeiras aulas acerca do descaso dos governos em relação às escolas, naquela época, e hoje imagino que não esteja diferente, apesar de existirem mais recursos. No centro cívico daquele baluarte educacional de Paulo Afonso, assim como no Grêmio, quantas lutas e quantos pedidos fizemos a prefeitos, governadores e secretários de educação. E pouco ou nada fizeram. Políticos acanhados. Os laboratórios de eletrônica e eletrotécnica precisando de equipamentos, os professores levavam de casa...Mas mesmo com todas as dificuldades e descaso pelo poder público, o CIEPA formou grandes profissionais e os projetou para o mercado de trabalho. Muitos lideram e ou são liderados na marcha pelo progresso do Brasil e até em outros países.Os senhores eram exemplo de dedicação, assim como tantos outros professores e professoras que doavam-se por aquele colégio.Parabéns a todos, e que volte a ser CIEPA, essa coisa de mudar nome do colégio não pegou bem.Abraço


Professor Galdino

21/09/2023 - 13:08:57

Caro Professor Francisco Nery. Permita-me que me junte ao caro colega nessa homenagem ao nosso querido CIEPA, hoje CETEPI-1, porque trilhamos o mesmo caminho.Também fui contratado pelo Governo do Estado da Bahia, por concurso, para o exercício dessa nossa atividade/missão e tive o CIEPA como o primeiro Colégio e ali fiquei muitos anos até ser transferido para o Colégio Carlina Barbosa de Deus, de onde me aposentei.O CIEPA sempre foi cativante, acolhedor, tanto pelo corpo de direção/coordenação como pelos colegas professores e pelo alunado.Assim, eu me associo a esta tua homenagem e aproveito para fazer, com você, com os atuais e ex-do-CIEPA – diretores, coordenadores, professores, alunos e pessoal de apoio - uma viagem na história deste Centro Integrado de Educação de Paulo Afonso – Dr. Luiz Viana Filho, através das fotos de ontem, resgatadas do Baú de Memórias desse teu amigo. Parabéns ao CIEPA/CETEPI-1. Abraço fraterno. Professor Antônio Galdino.


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