“Deus tenha misericórdia de você”, ouvi recentemente de alguém que ajudei um grupo a barrar os seus procedimentos de exploração. A digníssima pessoa é sabida e adora uma boquinha; uma ajuda, uma caridade, um apoio social – com o dinheiro dos outros.
Por que se incomodar, às vezes se imiscuir, em problemas que não nos dizem respeito?
Primeiro, “não pense que a cabeça aguenta se você parar”. Segundo, o tal do enterrar o talento, a obrigação de atuar; prevaricação no jargão jurídico. A propósito, o parlamento francês acaba de classificar como crime a falta de denúncia de maus tratos a crianças.
Uma outra consideração é a necessidade de ter em mente, para evitar decepção, talvez omissão, que “todo aquele que tomar o lugar do pobre sofrerá perseguição”. É penoso, vale notar, o que nos remete ao Mestre em Pedagogia Francisco Alves do IFBA a bradar, todas as vezes que um problema se nos apresentava: “É mole, professor?!”. Importa assumir e aguentar o tranco.
O malandro, no nosso texto o explorador, aprendeu com Satanás a citar as escrituras. Ele é versado nos textos bíblicos. Procura parecer justo. Judas, que era o tesoureiro ladrão do grupo dos doze, ficou irritado com o gasto “desnecessário” do perfume que ungiu o Salvador antes da crucificação.
A intercessão da sabidona matreira foi desnecessária. Todos os dias, o que primeiro peço a Deus é que a sua misericórdia não me falte.
Francisco Nery Júnior