Fala-se em uma reforma ministerial no Governo Lula que acaba de completar [apenas] um ano. Entenda-se por reforma ministerial uma acomodação de cargos, uma dança de cadeiras, distribuição do poder, até mesmo um esforço de governabilidade. O significante do termo reforma desce mais ao fundo da boa intenção, do caráter e do compromisso – mesmo do possível - de quem comanda e governa.
Nós preferiríamos, ainda, o termo remanejamento que é o que o presidente Emmanuel Macron tenta fazer na França tradicionalmente insubordinada. O presidente reuniu os novos ministros convocados pelo jovem primeiro-ministro Gabriel Attal e foi taxativo: “Eu não quero gestores. Eu quero revolucionários”. E continuou: “Eu espero de vocês resultados”.
Macron foi além e, com a autoridade de presidente outorgada pelo povo, “eu exijo a solidariedade e a rapidez que são a condição da eficácia”.
Embora sejamos uma democracia ainda jovem e careçamos de uma reforma política, a mãe das reformas de que necessitamos, podemos ser revolucionários no sentido de sermos ousados nas decisões em um Brasil potencialmente viável.
O presidente se sentiu na obrigação de ser repetitivo para o bem dos franceses: “Eu espero de vocês resultados, de novo resultados e sempre novos resultados”. A afirmação trouxe à memória declaração do ex-governador Antônio Carlos Magalhães segundo a qual é preciso saber cobrar [resultados dos subordinados].
Emmanuel Macron desprezou o que denominou “états d’âme”, que poderíamos traduzir por alma pronta, ânimo ou mesmo intrepidez, até o nosso termo bravata, em função de “états de services”, a lista de serviços prestados, resultados alcançados. expressão conhecida nos meios militares.
No Brasil, precisamos de paz e amor. Precisamos cultivá-los considerando que “o amor venceu”. Com trabalho, poupança e investimento, poderemos decolar. Desta forma decolaram Coreia do Sul, Índia e China. Alguns países africanos desprezaram as intrigas, revanches e baboseiras ideológicas e começam a se desenvolver. Sem bravatas, passadas ou presentes, temos condições de decolar. Desejo de revanche ou de “lascar” com quem quer que seja, não nos levará a lugar nenhum. Os maus por si se destroem, repetia a minha mãe.
No Brasil, bem aqui nas nossas terras tabajaras ou tupiniquins, Getúlio Vargas renunciou com um tiro no peito e Juscelino Kubitschek anistiou os oficiais que tentaram derrubá-lo do governo na Revolta de Jacareacanga. Ambos foram responsáveis por dois grandes saltos para a frente do Brasil.