Não sei se dá cadeia. Mas o meu voto para prefeito de Paulo Afonso será dado ao candidato que se comprometer com uma ciclovia para os mais pobres (um sistema de ciclovias). Bolsas eles já têm, aos montes e às escâncaras. 

Cada vez mais bolsa. No caso da cadeia – os tribunais brasileiros estão duros para os crimes eleitorais – o leitor pode ir se preparando para levar o seu consolo para mais um presidiário no Brasil. 

Cinco mil ciclistas por dia a passar pela ponte. Trabalhadores que botam o país pra frente e merecem as benesses justas – que não são benesses. Uma ciclovia, a promessa dela, e o meu voto na urna. Quanto ao que foi dito no parágrafo anterior, coitado do sistema prisional abarrotado de viciados, estupradores, drogados e protestadores de bandeira na mão. 

A perspectiva não seria das piores: cama e mesa, três refeições ao dia, lanchinhos, bolsa para os filhos desamparados, psicólogos, assistência médica formal, biblioteca de papel e digital; uma boa! Tempo de sobra para ler, meditar e sair formado, talvez para arriscar mais uma opiniãozinha e ter o fantasma da volta pela frente. 

A ciclovia a que nos referimos não é um luxo. Ela é indutora de desenvolvimento. Se a Europa é referência de desenvolvimento, por lá um plano de uma ciclovia serpenteando todo o continente europeu além das provincianas existentes. 

Quatro ou cinco – ou seis – reais por cada perna de deslocamento, o trabalhador não aguenta. A Bolsa Ciclovia evitaria tudo isso. Incentivaria toda uma atividade de manutenção e lazer. Induziria ao desenvolvimento que todos queremos. Os empresários venderiam bicicletas a mil e o Estado, ávido por arrecadação, teria descoberto o poço da esperança. 

Tudo óbvio e ululante. E assim dizemos o óbvio porque “o óbvio não existe, meu irmão!”. Ele precisa ser dito, enfatizado e esmiuçado para ser assimilado.