A obrigação do discípulo é passar o mestre. Sobrepujá-lo nos resultados. Assim aconteceu com os filósofos gregos. Cristo mesmo nos advertiu que faríamos mais do que ele. Com os apóstolos, o Espírito Santo com eles, três, cinco mil conversões de uma só vez. A semente simplesmente explodiu em milhões e mudas. O minúsculo átomo libera uma carga exponencial de energia quando fissionado.
Toda a conversa para chegarmos à avó da colega de academia Socorro Mendonça. Na estante, pesquei um livreto de sua autoria contendo receitas de pratos e bolos. Pela leveza e precisão, quero crer frutos da assessoria do consorte Edgar. E chegamos, a espose e eu, à receita de uma bacalhoada produzida pela sua avó.
Para quem comeu as duas piores bacalhoadas da vida, uma em Lisboa e a outra em Cabo Verde, o caminho lógico e intuitivo foi a tentação da experiência: fazer a bacalhoada da avó de Socorro Mendonça.
Assim fizemos. Seguimos, como bons discípulos, alunos aplicados, os passos recomendados. O resultado - ficando explícito que o mérito foi da receita - foi espetacular. O ímpeto foi incomodar o Itamaraty e remeter a receita para portugueses e caboverdianos para eles aprenderem a fazer um prato de bacalhau. A propósito, o pior vatapá que já comi - aliás não comi - foi no Terreiro de Jesus em Salvador.
Cheguei a preparar uma pequena amostra para enviar à imortal Socorro antes desta publicação. Como era um fim de semana e ela estava no sítio da família na beira do rio, não foi possível a realização da surpresa. O resultado foi que adquirimos, nós dois do lado de cá, mais uns quilos de peso.
Francisco Nery Júnior