João foi um colega de faculdade. Conversávamos sobre entendimento entre os homens, especificamente sobre o entendimento entre as nações. Divisão territorial e o rio para sanar possíveis disputas. Levantava-se, porém, a questão: de quem é o rio?
Isto aconteceu bem lá atrás. O colega, intrigado, questionava a falta de sinceridade - ou boa vontade - entre os homens. O rio, a água, não apresentava nenhum problema de somenos importância. Tranquilamente exercia o seu papel diplomático.
Como haviam previsto cabeças mais experimentadas que as nossas, antes das nossas, a água adquiriu status de segurança nacional para os países. Escrevemos, assim sendo, em 22 de março de 2024, Dia Internacional da Água estabelecido pela Organização da Nações Unidas.
Temos um rio histórico, piscoso, inteiramente nacional e gerador de energia para o Nordeste. O Rio São Francisco produz energia elétrica fundamental para o desenvolvimento do Brasil. Produz com água. É ela que aciona os geradores milagrosos das nossas usinas.
Em outras palavras, a água do Rio São Francisco é fundamental para o nosso parque energético. Em Paulo Afonso, bem aqui aos nossos olhos, as usinas I, II, III e a IV, a Usina Paulo Afonso IV que só é viável por conta da água acumulada no Reservatório de Sobradinho, orgulho da engenharia nacional.
Poderíamos ter a PA-V se o controle plurianual de vasão do rio permitisse. Em outras palavras, se houvesse mais água correndo pelo Velho Chico. Teríamos atividade de construção e manutenção na região, mais circulação de dinheiro, mais arrecadação de impostos, mais empregos, mais desenvolvimento e mais felicidade.
A propósito, se estivéssemos crescendo como temos condições de crescer, precisaríamos de uma Usina de Itapu a cada ano. Seria o caso de todo mal trazer a sua ponta de bem.
Para uma PA-V, a barragem [de Sobradinho] poderia ter subido mais um pouco, inundando mais áreas, algumas produtivas, e eliminando um número maior de cidades, vilas e comunidades. Nessa impossibilidade, considerando custo e transtornos, resta a possibilidade de uma reabilitação compreensiva do rio liderada e posta em prática por algum visionário; um líder despojado de demagogia, de egoísmo e de amor próprio em demasia. A empreitada que defendemos possibilitaria a recuperação das nascentes e dos cursos d'água em toda a bacia do São Francisco resultando em um volume maior de água fundamental para sonharmos com uma quinta usina em Paulo Afonso.
Esta a mensagem que nos propomos comungar com os leitores no Dia da Água. Este o brado para que possamos nos engajar na recuperação do rio poluindo-o menos que poluímos e colaborando, todos nós, principalmente com o plantio de árvores, na recuperação das matas ciliares desde a nascente até a foz do São Francisco.
Francisco Nery Júnior
O nosso otimismo se baseia no fato de - dádiva divina - termos um desnível de cerca de 300 (TREZENTOS!)metros no trecho entre Petrolândia e Piranhas. Como tradutor, ouvi o lamento ["invejoso"] de um ministro da energia do Egito em visita à Usina de Moxotó e a decepção de um membro do exército de Israel em visita a Paulo Afonso: "Ah, se Israel tivesse um país como esse!". Se pelo menos o governo não atrapalhasse...