Em 09 de maio, um susto. O apartamento em Salvador fechado e a conta de energia a chegar acusando consumo. Foi o começo de uma via crucis que está no meio, em pleno curso.
Telefonema pra cá, telefonema pra lá, ida pra lá e vinda pra cá e nada de entendimento. E a conta chegando. Pontualmente a chegar. A empresa exigiu uma vistoria interna. Para a velha capital lá foi a mulher. Nada achado de irregular dentro do apartamento e de volta a mulher após doze horas dentro de um ônibus a sacolejar em pouco mais de quatrocentos quilômetros.
A vistoria foi estendida à parte exterior e foi detectado um desvio de energia no nosso medidor. Havia um cabo a mais saindo para outro medidor que, segundo o perito da hora, após ligação telefônica in loco, foi colocado por uma terceirizada. Houve consumo registrado, ainda segundo o inspetor, nos dois medidores.
Considerávamos o problema resolvido ou a resolver a critério da concessionária – que não resolveu. A via crucis recomeçou. Estamos agora no PROCOM de Paulo Afonso. Pelo que já estamos atualizados, há jurisprudência firmada: um desvio de energia do contador do usuário não lhe deve ser imputado. A concessionária tem o dever da fiscalização.
Pouco antes do PROCOM, em 25 de junho, em uma tenda em frente ao prédio da Coelba, em reforma; em uma tenda que nos remetia àqueles filmes sobre os árabes no deserto, uma surpresa desagradável: estourou, bem ao nosso lado, um bueiro de esgoto sanitário pouco após a visita de um representante do Ministério Público por demanda de uma denúncia de atendimento precário.
A via crucis assim continuou, sem sol e calor, muito menos com tempestade de areia e escorpiões, mas com um mau cheiro insuportável que a todos nós nos derrubou.
Nessa incerteza, nesse desgaste evitável e nesse penoso - possivelmente cruel - dano moral, demos de cara com um texto, no Google, sob o título Esse Veríssimo é genial. Vem a calhar e o leitor pode se deliciar; dar lugar ao lamento até agora inútil.
Francisco Nery Júnior
Esse Veríssimo é genial...
"Eu tomo um remédio para controlar a pressão.
Cada dia que vou comprar o dito cujo, o preço aumenta.
Controlar a pressão é mole. Quero ver é controlar o 'preção.'
Tô sofrendo de 'preção' alto.
O médico mandou cortar o sal. Comecei cortando o médico, já que a consulta era salgada demais.
Para piorar, acho que tô ficando meio esquizofrênico.
Sério!
Não sei mais o que é real.
Principalmente, quando abro a carteira ou pego extrato no banco.
Não tem mais um Real.
Sem falar na minha esclerose precoce. Comecei a esquecer as coisas:
Sabe aquele carro? Esquece!
Aquela viagem? Esquece!
Tudo o que o Presidente prometeu? Esquece!
Podem dizer que sou hipocondríaco, mas acho que tô igual ao meu time:
- nas últimas.
Bem, e o que dizer do carioca? Já nem liga mais pra bala perdida...
Entra por um ouvido e sai pelo outro.
Faz diferença...
'A diferença entre o Brasil e a República Checa é que a República Checa tem o governo em Praga e o Brasil tem essa praga no governo'
'Não tem nada pior do que ser hipocondríaco num país que não tem remédio'."
(LUIZ FERNANDO VERÍSSIMO)