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Professor Nery

Nos tempos de José Ivaldo

Uma era de sonhos e dedicação

Publicada em 04/08/24 às 12:43h - 467 visualizações

Francisco Nery Júnior - Atualizada pelo autor em 06/08/2024, às 11: 30hs com o acréscimo de importantes informações


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Nos tempos de José Ivaldo
Prefeito José Ivaldo e Vice-prefeita Dra. Francisco Barros na gestão de 1986/1988.  (Foto: FOTOS: Do acervo de Francisco Nery Júnior e arq. Folha Sertaneja)

Eu o conheci como aluno do Colepa. Ele irmão de José Ivandro e filho de seu Ferreira. Tornou-se prefeito de Paulo Afonso ainda jovem, o cidadão José Ivaldo. 

Cidadão é o termo que Zé Ivaldo costumava se referir aos seus subordinados. Na prefeitura, no último ano do seu mandato-tampão de três anos, fui uma espécie de coordenador sem pasta de Parques e jardins. Era subordinado a José Ivandro com quem aprendi muita coisa.

Posse do Prefeito José Ivaldo de Brito Ferreira (Zé Ivaldo) -1986/1988 - em 1º de janeiro de 1986.


Prefeito José Ivaldo de Brito Ferreira (Zé Ivaldo) - 1986/1988

Coordenador sem pasta significa estar liberado por um turno como empregado da Chesf para servir à Prefeitura, resultado da visão e comprometimento do professor Silva, então Administrador do Acampamento Chesf. Também significa não ter sido remunerado e ter trabalhado com o meu carro e a minha moto com a concessão de apenas dois litros de gasolina por dia, o que era bastante suficiente.

Houve alguns boicotes e não muito entusiasmo por lá. Houve, por outro lado, pessoas comprometidas com a cidade como Paulo, administrador do Depósito Municipal, Pesqueira dos Serviços Urbanos, Esmeraldo e Geralda, secretária de José Ivandro, além do fundamental apoio dos meus colegas de todos os escalões da Chesf. José Ivaldo, entrementes, declarava ter interesse “nesse trabalho que Nery faz”.

Fomos andando e tentando produzir o máximo com os parcos recursos de que dispúnhamos, se é que dispúnhamos de algum recurso. Na realidade, trabalhávamos basicamente com os restos que encontrávamos no Depósito. Carradas de barro vegetal, areia e sacos de cimento, uma luta insana para conseguir. Conseguíamos `por vezes e, há que ser dito, operávamos milagres.

E dessa forma, durante o ano em que lá estivemos, o último da administração, entregamos uma “obra” a cada mês. Tudo no peito e na raça, com denodo e resignação – e com o comprometimento e lealdade da nossa equipe de homens simples e honrados. A eles voltaremos a seguir.

O grupo José Ivaldo perdeu a eleição para Luiz de Deus. O candidato era Gilvo de Castro. Alguém do alto escalão me preveniu para me preparar para continuar o trabalho sob a orientação do novo prefeito. Ele estaria considerando me convidar para continuar o trabalho. As águas rolaram, nada aconteceu e eu só agradeço a boa avaliação do meu trabalho por Luiz de Deus.

José (Zé) Ivandro

Então com Zé Ivandro, ponderado, atento e sob o tacão do irmão mais velho, caímos em campo. Caímos significa uma equipe de minha confiança que levei comigo com a aquiescência de José Ivaldo: um pedreiro, e três ou quatro ajudantes. Com eles saíram as obras a que nos referimos. Eram, efetivamente, obras artesanais, o que podíamos fazer com sobras de obras outras e pouco ou nenhum dinheiro.

Sim, adquirimos algumas inimizades e não poucas caras feias. Enfrentamos oposição, uma delas de um grande empresário já falecido que alegou que prefeitura não era para fazer obras. Este era um feudo exclusivo das empreiteiras. A minha reação foi lhe declarar que as nossas “obras” custavam aos cofres públicos uma ninharia; às vezes um centésimo do orçamento de uma empresa. O homem não cedeu, continuamos algo semelhante a Dom Quixote e Sancho[s] Pança[s] e cá estamos a contar a história.

Fizemos de tudo para operar. Descobrimos os fornecedores de pedra, catávamos os restos do depósito, latas para mudas no lixo, envolvemos moradores, fabricávamos grajaus protetores de árvores, mendigávamos sacos de cimento em concorrência com as “doações”; nos humilhávamos mesmo. E produzimos! Chegamos a sortear brindes valiosos para quem plantasse uma árvore. Atuamos e cremos ter feito diferença.

Os tempos eram outros. População pela metade da de hoje, arrecadação baixa, inexistência dos royalties, uma luta vencida por José Ivaldo, e o começo da implantação de uma nova dinâmica de administração. Cremos como certa a divisão de Paulo Afonso como antes e depois de José Ivaldo. Antes, poucas ruas eram calçadas. Chovia e a ordem era parar tudo para a recomposição das vias urbanas e rurais. Caçambas surradas e velhas herdadas para a coleta de lixo. O desafio era a montagem da cidade de Paulo Afonso, feita com dedicação e renúncia, montagem, diga-se de passagem, muito bem [re]assumida pela Administração Luiz de Deus.

José Ivaldo decidiu ousar com a construção de sessenta casas populares no Bairro Tancredo Neves, liderou e venceu a luta pela concessão dos royalties da Chesf, aperfeiçoou a administração da Secretaria de Educação e iniciou a urbanização dos bairros com o calçamento de muitas ruas. Calçar ruas era uma prioridade. A Administração José Ivaldo foi efetivamente um salto para a frente., não nos esquecendo do trabalho possível das administrações anteriores e do fundamental apoio da Chesf nos primórdios da cidade.

Então Parques e Jardins. Peguei Mestre Otávio Possidônio pelo pé, carpinteiro aposentado da Chesf, honrado, trabalhador e leal, e o fiz coordenador da equipe. Por sua vez, ele cooptou subordinados comprometidos. Nosso histórico na Chesf muito ajudou. Um dos “restos” que aproveitamos, uma pedra monolítica polida por séculos retirada do leito do São Francisco, esquecida no lado de fora da Central de Concreto da Chesf, foi aproveitada como monumento central da praça pouco antes da ponte de acesso à cidade

Na rubrica saneamento, foi feita a cobertura do emissário sanitário que corria a céu aberto pelo centro com as consequências que o leitor pode imaginar. E a cidade ganhou um novo e promissor bairro, o Caminho dos Lagos, onde antes pastavam cavalos, bois e vacas.

Ivanildo do SPOM, cedido pelos engenheiros Frederico Fausto e João Soares, e a turma da Garagem, com tratores, carretas e guindastes nos ajudaram no transporte e colocação no local. Infelizmente, anos após, resolveram colocar um totem gaiato de muito mau gosto em cima da pedra, algo semelhante ao que acontecia na Sucupira de Odorico Paraguaçu.

Na nossa equipe, Francisco e Néo da parentela de seu Otávio até hoje na Prefeitura. Francisco, Francisco de Assis Brandino Pureza, até o dia 29 de julho quando faleceu vítima de um AVC, Acidente Vascular Hemorrágico. Francisco permaneceu na Prefeitura após a minha saída, engajou-se muito bem na máquina municipal, foi reconhecido pela sua competência e honradez por seu Euclides Ribeiro, secretário municipal, e aposentou-se como chefe de turma. Eu viajava e Chico lealmente cuidava da minha casa. Dava para perceber claramente sua postura de gratidão. E Chico pomposamente, embora com humildade, na cabine do caminhão municipal, sua turma logo acima na carroceria, a passar por minha casa a caminho de mais um dia de dedicação à nossa cidade.

Se existe honradez, Francisco era um homem honrado. Muito bem estabelecido no Bairro Tancredo Neves, casa impecavelmente manutenida, ele era um verdadeiro líder de clã; sua esposa e suas quatro filhas, muito bem casadas, seus genros e seus netos que lhe compensavam o esforço, o amor e a consideração que ele a todos dedicava.

Francisco Pureza, puro de dar inveja, descansa para sempre em um mausoléu no Cemitério Municipal do Tancredo Neves que ele caprichosamente erigiu poucos meses antes da sua morte.

Vão-se os anéis e ficam os dedos. Vão-se os amigos e fica a saudade dos parentes e dos amigos; os amigos de Francisco que compareceram em peso ao seu sepultamento há apenas uma semana.

Francisco Nery Júnior




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3 comentários


F. Nery Jr.

06/08/2024 - 10:06:58

Adendo: Poderíamos ainda ter citado a implantação do Bairro Caminho dos Lagos, antes uma pastagem de gado e, no item saneamento, a cobertura do emissário de esgoto que corta o centro urbano [que era a céu aberto com as consequências que o leitor possa imaginar. Recebemos, em off, algumas outras informações que poderiam ter sido comentadas neste espaço - que agradeceríamos e que certamente acrescentaria para a memória da cidade. As letrinhas infernais...


Autor

04/08/2024 - 21:05:31

O grupo de José Ivaldo perdeu a eleição para o grupo de Luiz de Deus. O candidato derrotado foi Gilvo de Castro.


Marcos

04/08/2024 - 13:33:33

ProfessorSó o senhor mesmo para fazer acontecer algo nessa cidade largada, desde o tempo de Ze Ivaldo.Parabéns ao senhor e seus 3 ajudantes que já naquela época faziam o que o poder público odeia fazer e quando ajuda é por milagre de algum santo Nery que deve ter lutado demais pelo pouco de condições recebidas


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