De Gaulle e Mitterrand, lições para não cair na lábia
A oposição entre de Gaulle e Mitterrand coloca frente a frente um homem que luta contra o afundamento de uma civilização e um indivíduo que não está nem aí que ela desapareça contanto que ele possa viver nas suas ruínas como fazem os sátrapas. O primeiro dá a sua vida para salvar a França; o segundo dá a França para salvar a sua vida. Um ressuscita Caton; o outro reencarna Nero. De Gaulle se considera e se coloca a serviço da França; Mitterrand deseja uma França a seu serviço. Um sabe ter um destino; o outro [apenas] deseja uma carreira. Um deixou uma marca na história; o outro pesa doravante tanto quanto um presidente do conselho da IV República. Um fez a França; o outro contribuiu grandemente para desfazê-la.
A análise comparativa, todo o parágrafo acima, foi feita por Michel Onfray no seu livro Vies parallèles: De Gaulle – Mitterrand, Livro de Bolso. Charles de Gaulle foi o nosso Getúlio Vargas. O paralelismo fica a cargo do leitor pagador de pesados impostos - por isso responsável e preocupado com o destino do Brasil.
Tradução e fecho de Francisco Nery Júnior
Post scriptum – Sátrapa, pessoa muito rica que vive no fausto. Caton, Marco Pórcio Catão (Caton l’Ancien), considerado o primeiro escritor em prosa de importância, primeiro autor de uma história completa da Itália em latim. Foi político e cônsul romano. Mitterrand, François Mitterrand, foi um político francês, presidente da França de 1981 a 1995 do partido Socialista. Foi um ferrenho opositor a Charles de Gaulle; foi o nosso Carlos Lacerda.