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Professor Nery

Em terra firme com Roberto Campos - Melhor pensarmos o Brasil

Publicada em 30/01/25 às 22:46h - 31 visualizações

Francisco Nery Júnior


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Em terra firme com Roberto Campos - Melhor pensarmos o Brasil
 (Foto: Prof. Nery e Internet)

Em terra firme com Roberto Campos - Melhor pensarmos o Brasil

Francisco Nery Júnior 

De pleno mar, agora em terra firme a considerar as profecias e as máximas do profeta responsável Roberto Campos. “Com os acontecimentos mundiais deste fim de século, passei assim de herege impenitente a profeta responsável”. A Lanterna na Popa, memórias de Roberto Campos, foi escrita no ano de 1994. Cientes dos acontecimentos dos últimos trinta anos, estamos autorizados a classificá-lo como profeta maior.

Os excertos e comentários, esclarecimentos, se referem ao volume dois das memórias do seminarista, conscrito, filho da costureira, professor, economista, embaixador, ministro, deputado federal e senador Roberto de Oliveira Campos.

As reformas normalmente metem medo e suscitam a perseguição aos reformistas pelos que mamam nas tetas do Estado. Elas ameaçam os nichos dos malandros. O presidente Fernando Collor, na sua sanha reformista, topou com eles de frente. Relata Roberto Campos: “Quando do impeachment, alguns comentaristas estrangeiros observaram que talvez ele estivesse sendo punido por ser reformista do que por ser corrupto. Há uma certa dose de razão nessa observação. Nem sempre os acusadores de Collor eram movidos por preocupações moralistas; ele acumulara contra si uma estocagem de ódios”

Antes do impeachment, o presidente ordenou uma reforma administrativa atabalhoada, cruel e rude na definição do autor. Alguns empregados da Chesf foram, nessa ocasião, vítimas oportunas dos seus algozes ávidos de vingança por aqueles não concordarem com os seus métodos de hipocrisia e perseguição. “A reforma administrativa atabalhoada do início do governo parecera não só ineficiente como cruel pela rudeza dos métodos: cotas lineares de redução do funcionalismo, sem uma preocupação mais refinada de hierarquizar as despedidas, começando pelos contratados ilegalmente, pelos não-concursados, pelos detentores de mais de um emprego e pelos solteiros sem responsabilidades familiares.”

Sobre a capitalismo brasileiro, o autor excede: “Há quatro características essenciais ao capitalismo: reconhecimento da propriedade privada, sinalização mediante sistema de preços, livre acesso ao mercado pelos agentes econômicos e regras estáveis do jogo num Estado de direito. O Brasil preenche apenas a primeira dessas condições e assim mesmo com ressalvas. O Brasil não sofre de excesso de capitalismo e sim da falta dele”.

Verifique o leitor a visão do “profeta responsável” importante neste janeiro de 2025: “É por isso que fracassou o ‘estado assistencialista’. Ele só é possível onde o capitalismo permitiu enriquecimento suficiente para financiar o socialismo”.

E o fecho que poderia ter sido grafado como a continuação do parágrafo anterior como aparece nas memórias: “É traço comum dos países socialistas e dirigistas que os assistentes vivem bem melhor que os assistidos”.

O meu apartamento em Salvador fica a um tiro de pedra da Igreja do Bomfim. É um bairro bem tratado por força da importância da Colina Sagrada. Uma dobrada após duas ou três quadras e a constatação que o Brasil está muito aquém do desenvolvimento que tem condições de ter. As condições são, no mínimo, precárias. Nós estamos tratando de uma região tradicional e importante da Bahia que um comentarista acaba de citar, a Bahia, como a segunda locomotiva emergente do Brasil. E nos vem à mente o comentário do chanceler Konrad Adenauer, da Alemanha, a um Roberto Campos de pires na mão: “Como é que vocês, um país de muitas riquezas naturais, podem mendigar dinheiro a um país arrasado pela guerra?”.

O ex-ministro Delfim Neto declarou, pouco antes de falecer, que o Brasil [com a Constituição de 1988] é ingovernável. Há muito pouca discordância. Do nosso autor: “O zênite político de Ulysses [Guimarães] e, em contrapartida o meu nadir, foi o formoso discurso com que promulgou, sob aplausos delirantes, a nova Constituição de 1988. Ele a descreve como a ‘Constituição cidadã’. Eu, com o fel dos derrotados, como a ‘Constituição besteirol’”. “Não vi mais Ulysses. Tal como Castello Branco, morreu num acidente estúpido. Senti-me um pouco como Boris Pasternak, quando dizia ‘Nós, que já fomos homens, agora somos uma época’”.

O que seria economia para nós outros brasileiros médios?  Confessa Roberto de Oliveira Campos: “Não incorri na doença do economicismo, reconhecendo, como os liberais austríacos, que a economia nada mais é do que o humilde estudo das consequências não intencionais da ação humana”. A propósito, uma anedota atribuída ao presidente Pompidou da França: “Há três caminhos para cair na desgraça: o mais rápido é o jogo, o mais agradável são as mulheres. O mais seguro é consultar um economista”.

Sobre o Mato Grosso natal, a profecia há mais de trinta anos: “Em Mato Grosso, um vastíssimo estado com grande vocação agrícola e pecuária, que crescerá sozinho se o governo se limitar a prover energia e transportes, e deixar de atrapalhar, encontra-se de tudo, até mesmo misticismo”.

Da época dos congelamentos, “É o quinto congelamento... valendo, a propósito, a piada de um demógrafo inglês, fanático do controle da natalidade: ‘o primeiro filho é amor, o segundo é hábito, o terceiro, distração, o quarto, safadeza e o quinto, loucura’”.

Os malefícios da inflação parecem não ser levados muito a sério pelo governo atual. Afirmou Roberto Campos, contrapondo o economista Hélio Beltrão, aliás muito bem avaliado por ele (Beltrão argumentava ser o controle excessivo): “Todo mundo gostaria de atingir um máximo de desenvolvimento com um mínimo de inflação. Mas aqueles que pensarem que é possível afrouxar no combate à inflação, para estimular o desenvolvimento, acabarão tendo mais inflação que desenvolvimento, pois como disse certa feita Nikita Kruschev, é ilusão botar o gato na cozinha na esperança de que ele apenas engula o rato sem lamber o leite”.

E o esperto debatedor: “Em uma entrevista na TV Globo, como eu receava, em vez de o debate se concentrar em minha área específica – a economia – espraiou-se pela questão da liberdade de imprensa. Preguei aos jornalistas uma armadilha. Li um trecho da lei antiga, como se fosse a nova, e recebi uma saraivada de protestos. Pude então tripudiar sobre os adversários”.

Como sempre, há os momentos de descontração, ninguém é de ferro, “Collor fumava um charuto razoavelmente pestilento. Lembro-me que, durante o jantar, regado a champanhe e charutos, contei várias anedotas a Collor”.

As cores ideológicas de Roberto Campos podem não ser do agrado de todos. Mas importa meditar sobre as suas opiniões e recomendações na tentativa de evitar ao Brasil o profundo abismo de que se aproxima. Até porque vale a pena conhecer o inimigo para melhor combatê-lo.

Francisco Nery Júnior




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