A agenda do povo brasileiro

Francisco Nery Júnior

Ontem, mais uma vez, assistimos, no plenário da Câmara Federal, ao que eles chamam de sessão. Não vamos chamar de nigrinhagem nem dizer que muitos, lá dentro, denegriram a Câmara. Os termos estão vetados por trazer à mente a culpa de uma chaga triste na História do Brasil, senão o dolo. Foi, na verdade, algo como uma mixórdia, bagunça, barafunda, mistifório, misturada, balbúrdia, embrulhada, complicação.

Os senhores deputados pareciam estudantes – aqueles que estudam – em determinadas escolas que o que menos fazem é induzir os alunos a estudar; a observar e pensar – e concluir. Isso dá trabalho e gera inimigos. Mas a conversa nossa agora é outra.

Eles se agrediram e trocaram farpas as mais variadas a respeito das paixões ideológicas do momento. Dilaceraram-se em acusações e provocações que não arriscamos prever a que vão levar.

Entrementes, nesse ínterim, ou nesse interregno a gosto do leitor, passa, na outra banda do Congresso Nacional, o senador Davi Alcolumbre, da linhagem de Davi, presidente do Senado [Federal]. “O que o senhor achou...?”, lançou-lhe, de supetão, um ávido repórter. A resposta do senador, sem ao menos se dar ao cuidado de parar, disse mundos: “Essa não é a agenda do povo brasileiro”.

Não é mesmo. A nossa agenda, nós comedores de ovos e pés de galinha, pagadores de pesados impostos, caminheiros na direção do precipício que se nos avizinha, é outra. Bem outra!

Francisco Nery Júnior