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Editorial - No dia de São Francisco, mais um grito, para salvar o rio

Publicada em 07/10/22 às 00:55h - 600 visualizações

Antônio Galdino


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Editorial - No dia de São Francisco, mais um grito, para salvar o rio
- fotos da Prainha de Paulo Afonso no dia 4 de outubro de 2022.  (Foto: Antônio Galdino)

Paulo Afonso voltou a celebrar a Festa de São Francisco de Assis, sem as restrições impostas pelo Covid.

No dia 4 de outubro, dia do rio e do santo do rio, as preces soaram mais intensas, parecem mais sincronizadas, em uníssono e harmonia, porque a agonia do rio que morre aos poucos tem sensibilizado pelo menos aos mais humildes que dele dependem para a sua própria sobrevivência.

A Procissão Fluvial pelas águas do rio São Francisco reuniu alguns barcos, algumas autoridades, ali estavam o vice-prefeito Marcondes Francisco e os vereadores Leco e Zé de Abel e pessoas humildes, simples, fervorosos no amor ao santo de sua devoção conforme a tradição da igreja Católica...

E eu queria escrever sobre a beleza do rio, fazer versos, ouvir canções, que só dissessem o quanto o rio é belo e é importante e que está vivo, forte, vigoroso, imponente, sem nenhum problema em todo o seu trajeto de quase 3 mil quilômetros, com suas muitas corredeiras, suas cachoeiras majestosas como a de Paulo Afonso e com água em abundância para toda a população e todos os projetos...

Mas, não é verdade. E no dia de São Francisco de Assis, talvez mais que em todos os outros dias, é preciso alertar ao mundo que o nosso rio padece do abuso do homem e está morrendo.

A visão que se tem, dos grandes reservatórios como Sobradinho, Itaparica, Moxotó, aqui em Paulo Afonso, que acumula mais de 1 bilhão de metros cúbicos de água, é que essa imensidão de águas não vai acabar nunca. Grande engano de quem pensa assim. Asseguram os estudiosos que o rio São Francisco já perdeu quase a metade de sua capacidade, de suas águas...

Mas, o contato com as águas do rio, ao menos a visão dessas águas, bem de perto, parece levar as pessoas a compreenderem a sua importância e como o rio carece da atenção dos governantes, desde muito tempo atrás, para que continuem essas águas sendo fonte de vida, de desenvolvimento.

Uma prova forte e inconteste da fragilidade desse rio foi vista na manhã desse 4 de outubro de 2022, durante a procissão fluvial em suas águas, realizada pela Paróquia de São Francisco em Paulo Afonso/BA, como acontece todos os anos desde o ano de 1950, quando era realizada e assim foi por muitos anos, saindo do Porto Bahia, ao lado do Obelisco e percorria trechos do Lago Delmiro Gouveia.

Há anos, esse momento mágico acontece no Lago Moxotó, Canal da Usina Paulo Afonso 4, quando os barcos, um deles um catamarã, à frente, conduzindo a imagem de São Francisco, percorrem cerca de 7 quilômetros e aportam na Prainha de Paulo Afonso – ponto turístico da cidade que recebe (recebia) todos os anos a Copa Vela.

Este ano, a grande presença da planta baronesa, tomando grande área dessa Prainha de Paulo Afonso, tanto impediu a realização da Copa Vela, como também impediu a atracação dos barcos da Procissão Fluvial que foram obrigados a se deslocarem para a Prainha do Candeeiro, o que exigiu todo um trabalho da Prefeitura para facilitar o acesso a essa área.

Muito triste conviver com essa realidade, e não custa lembrar que o grande trabalho de revitalização do rio São Francisco vem sendo prometido há cerca de 20 anos pelo governo federal mas as promessas, que ganham aplausos de muitos têm morrido nas gavetas dos ministérios.

Lembro que em 2006, ao fazer uma pós-graduação sobre Política e Estratégia, pela ADESG, o TCC foi realizado em grupo e a nossa equipe, chamada de Águas Inquietas, formada por mestre e especialistas em turismo, turismólogos, professores de geografia, professores de história e outros estudiosos com experiência nessas áreas do conhecimento, optou em fazer um estudo sério, ouvindo-se os defensores e os contrários ao processo de transposição do rio São Francisco.

Dentre os defensores estava o presidente da República, ministros da República e, naquele tempo, se assegurou que para a transposição do rio São Francisco 14 dos ministérios estariam com a responsabilidade de promover ações para a revitalização desse glorioso rio da unidade nacional. Em 2006.

Nos últimos tempos, as palestras, seminários, congressos sobre o rio São Francisco, o único totalmente brasileiro, parecem filmes de horror quando são mostrados os milhares de toneladas de agrotóxicos, esgotos, lixo, metais pesados, desmatamento de suas margens, o que gera assoreamento... Por fim, chegam as baronesas invadindo as cidades, trazendo custos elevados para os cofres dos municípios e interferindo diretamente no calendário de eventos da cidade, como aconteceu hoje com a procissão fluvial de São Francisco.


Hoje, no dia em que se deveria celebrar a vida que as águas do Velho Chico têm proporcionado a todo o Nordeste brasileiro, é triste ter que se falar em morte, em abandono, em descaso. Mas é preciso que se diga, como se tem feito há tanto tempo, que o nosso grande e importante rio São Francisco vem gritando por socorro mas parece que todos estão surdos, porque não querem ouvir e ainda mudos, porque se calam e, com certeza, cegos, porque não querem ver... 
Desde décadas atrás...

Antônio Galdino da Silva
4 de outubro de 2022




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1 comentário


Maria Moura

07/10/2022 - 21:13:58

Paulo Afonso não existe secretaria do meio ambiente, pq os resíduos esgoto,caem dentro do Rio,a prefeitura e os vereadores admitem fazem casas dentro do Rio na Prainha ponto turístico tem casa condominio dentro do rio e a onde tá a fiscalização deve tá comendo dinheiro pra deixar um absurdo desseVá um dia de domingo na Prainha do candeeiro que vc ver o Rio alastrando de garrafa pet sacos plástico,e onde está esse secretário do meio ambiente e os vereadores Os vereadores só sabem cortarem p l antas pra fazer praça, e ganhar bem e colocar a família pra trabalhar na prefeitura e nos órgão publicoE o assoreamento do rios e plantas as imagens do Rio para ter mais nascente mais aí em Paulo Afonso fazem e casa,quando o Rio secar aí o portão o vai ver que dinheiro não se come


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