A Academia de Letras de Paulo Afonso - ALPA promoveu, dia 7 de Novembro, no Memorial Chesf, a realização de uma palestra apresentada pelo Professor Doutor Edvaldo Nascimento, pauloafonsino residente na cidade de Delmiro Gouveia onde é professor da rede estadual e da rede municipal de ensino e onde também, já foi vereador em três mandatos.
O evento foi aberto com a acolhida dos presentes pelo Professor Willames, professor de violão do projeto Arte em Cena, da Secretaria de Cultura de Paulo Afonso, executando repertório da MPB.
O professor Antônio Galdino dirigiu os trabalhos e informou que “ entre os membros da ALPA, vários são ex-professores do COLEPA, como ele próprio, Roberto Ricardo, Jovelina Ramalho, Francisco Nery, Ivus Leal e ali também estão vários ex-alunos” e fez a apresentação do palestrante.
“O professor Edvaldo Nascimento, que é membro correspondente desta Academia de Letras, é um pesquisador respeitado na área de Educação no Sertão e sobre a vida e a obra do cearense Delmiro Augusto da Cruz Gouveia sobre quem escreveu o livro, Delmiro Gouveia e a Educação na Pedra, analisando processos educacionais nos sertões do Nordeste, tema de sua dissertação de Mestrado em Educação Brasileira.
O palestrante é graduado em Pedagogia, tem Especialização em Psicopedagogia e concluiu recentemente, em 23 de Setembro, na Universidade Federal de Pernambuco o seu Doutorado em Educação, tendo escolhido com tema de sua tese a Modernização e Educação Escolar no Nordeste Brasileiro: As Escolas da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (1949 a 2000).”
No desenvolvimento de sua palestra, o Professor Edvaldo discorreu sobre as características do sistema de educação que a Chesf implementou em suas unidades escolares que a empresa criou para atender aos filhos dos seus empregados dizendo que “nesse período de 51 anos, a Chesf manteve um sistema de educação desde as séries iniciais, o chamado na época de Ensino Primário, hoje Fundamental I, uma escola técnica do Senai, o Curso Ginasial, hoje Fundamental II, tudo iniciado nos primeiros anos da década de 1950, entre os anos de 1949 e 1952 e chegou aos cursos de nível médio, com altíssimo nível de excelência, mantendo o seu sistema de ensino até o ano 2000, quando foi impedida de continuar por decisão do governo federal”
“Ainda nos primeiros tempos de sua chegada à esta região, a Chesf construiu a Escola Adozindo e logo viu a necessidade de construir a Escola Murilo Braga e também adaptou um antigo galpão que existiu ao lado da Casa de Hóspedes e que era depósito de materiais para a construção da Usina Piloto e ali construiu a Escola Alves de Sousa”
E continuou o Professor Edvaldo: “O projeto da Chesf era construir apenas uma usina mas a grande demanda de energia exigiu a construção imediata de outras usinas hidrelétrica e a necessidade crescente de mão de obra especializada fez com que empresa investisse na criação de cursos técnicos em que, boa parte das disciplinas, eram ministradas por profissionais da própria empresa, engenheiros, médicos, advogados que foram professores dos cursos técnicos de nível médio na área de Mecânica, Eletrônica, Eletrotécnica, Análises Clínicas, Enfermagem, Agro Pecuária e Contabilidade, sendo responsável pela formação de muitos milhares de grandes profissionais, boa parte deles, absorvidos pela própria empresa”.
“A Chesf chegou a ter 10 unidades escolares em Paulo Afonso e onde a empresa iniciava uma grande obra, construía um novo acampamento para seus operários e ali também construía escolas. Em um período de tempo, as Escolas da Chesf chegaram a ter mais de 8 mil alunos por ano”.
O Professor Edvaldo fez uma síntese de sua pesquisa discorrendo sobre o elevado nível de ensino a que chegaram as escolas da Chesf, “a ponto do Conselho Estadual de Educação da Bahia, não só reconhecerem a importância desse trabalho realizado pela Chesf como o considerando modelo de educação no Nordeste”.
O conferencista ressaltou em vários momentos de sua palestra o grande nível de influência que as atividades realizadas nas escolas da Chesf exerceram na cidade de Paulo Afonso, destacando que “muitos dos ritos que se tem na cidade hoje, a exemplo dos eventos cívicos, os desfiles de 28 de Julho e de Sete de Setembro são marcas deixadas pelas escolas da Chesf onde os alunos tinham por hábito, por exemplo, cantarem o Hino Nacional e fazer o hasteamento da bandeira do Brasil, todos os dias, antes do início das aulas. Também nos esportes, o nível de qualidade dos atletas estudantes das escolas da Chesf foi modelar para a cidade e vários desses atletas saídos das salas de aula do COLEPA, tiveram projeção nacional. Assim também foi com as festas populares. Quem não se lembra das festas de São João do COLEPA?”
O palestrante também focou a influência política no processo de ensino nas Escolas da Chesf, “tanto no período do governo militar, quando a presença dos militares foi intensa, tanto entre os professores quanto na direção do COLEPA e também a partir do Governo de Fernando Collor quando o governo federal decidiu que as empresas deviam atuar apenas na sua atividade-fim, ou seja, no caso da Chesf, a sua atividade-fim era produzir, transmitir e vender energia hidroelétrica. Com isso começaram as dificuldades para se manter as escolas da Chesf, a partir do ano de 1990 e a empresa, a cada ano tinha dificuldade de manter professores, especialmente no ensino médio, nos cursos técnicos, até que no ano 2000, fecharam-se as portas do sistema de ensino da Chesf.”
Em todo o tempo, o Professor Edvaldo mostrou que a grandiosidade do assunto merece que novos estudos, novas teses de doutorado poderiam ser levantadas e convocou os pauloafonsinos para que “aprofundem os estudos nas várias áreas um vez que é humanamente impossível esgotar-se esse assunto com mais de 50 anos de história tão diversificada em uma única tese de doutorado”, e fez referências a estudos existentes, de pesquisadores de Paulo Afonso, mas ainda não publicados, como as teses de Mestrado da Professora Lúcia Teixeira, além de Cecília Bezerra e Luiz José que estão fazendo doutorado, todos presentes neste evento.
“Cabe ainda dizer que há uma vasta produção acadêmica sobre aspectos relacionados à Chesf e às usinas de Paulo Afonso em aspectos mais gerais, principalmente na área de engenharia, economia e administração. Entretanto, poucos são os estudos sobre o projeto educacional da Chesf. Encontrei no campo da História da Educação alguns trabalhos com abordagens diferentes desta, como o da Mestra e doutoranda Cecília Bezerra, e outros trabalhos como José Ivaldo de Brito Ferreira, José Renato Melo, dentre outros”.
O Professor Edvaldo informou que “durante todo o tempo da longa pesquisa para reunir informações para compor a minha tese procurei entrevistar vários pioneiros que vivenciaram a história das Escolas da Chesf. Pessoas entrevistadas: Luiz Fernando Motta Nascimento, Lourival Burgo Mucinni (in memoriam), Maria Helena Frazão Galindo, José Carlos Alves Galindo, Silvanda Neto da Silva, Nanci Eliandia Coelho Santos, Maria das Graças de Souza Alcântara e Silva, Manoel Carlos Formigli Souza (in memoriam), Gilberto de Barros Pedrosa Júnior, Maria de Nazaré Brandão Dantas, Antônio Rodrigues, Mário Santos, Vilma Bagdeve de Oliveira, Ana Creuza, Dirce Georgina, José Antônio Feijó de Melo, Maria Mercedes de Oliveira Pereira (in memoriam), Maria Amélia de Souza, Enilda Virgulino de Medeiros Duarte, Rosenita Queiroz de Souza, Marcos Pinheiro e Ana Miná”.
“Luiz Fernando foi aluno concluinte da segunda turma do curso ginasial do GPA. Depois, formado em Engenharia, foi diretor de Construção e depois Diretor de Suprimento da Chesf. Em Paulo Afonso, foram muitos os contatos com professores pioneiros, diretores de escolas e muitas reuniões na casa do Professor Galdino. Para desenvolver essa tese, vivi mesmo muitas viagens, uma delas para Portugal onde passei seis meses na companhia do insigne educador, Professor Doutor Justino Pereira de Magalhães um dos meus orientadores”.
Entre os presentes, o Professor Doutor Carleandro, da UNEB, que trouxe seus alunos de Pedagogia, outros professores da UNEB e as professoras Semir Emetério e Nazaré Feitosa, pioneiras do COLEPA, além da secretária do GPA, do ano de 1955, Maria Helena e o Engenheiro Flávio Mota, pesquisador da história da Chesf e vice-presidente do IGH/PA.
Da ALPA, além do palestrante, Edvaldo Nascimento, Antônio Galdino, Gorette Moreira, Jovelina Ramalho, Socorro Araújo e Luiz José. E ainda Socorro Mendonça, Francisco Nery, Professor Fernando, Fernando Mota, Marcos Antônio Lima, Luiz Ruben Bonfim e o membro honorário, Sebastião Leandro de Morais.
Depois da exposição do Professor Edvaldo Nascimento seguiu-se um amplo e enriquecedor debate sobre o tema, com a participação de professores e alunos da UNEB presentes, ex-alunos e ex-professores do COLEPA e o tema promete desdobramentos em outros eventos na cidade.
Foi realmente um momento de relevante teor acadêmico. Parabéns ao nobre confrade Edvaldo Nascimento pela excepcional palestra. Parabéns a ALPA por nos proporcionar uma noite digna de uma honrosa Academia de Letras, que é. 👏👏👏👏👏
De todos os eventos da ALPA que já tive a honra de apoia e ajuda, essa grande academia de letra, admito que essa palestra do professor foi um dos melhores, pois tiver a honra de pela primeira vez ver alunos de universidade apreciando o evento, espero que não seja apenas pela ocupaçao que os indignas estavam fazendo, mas que esse custume vire vicio em nossa cidade, aonde os professores tiram os alunos de sala de aula e venha sempre conferir o brilhante trabalho da ALPA, e vamos ressaltar que são todos alunos de pedagogia que tiveram a honra de ter uma grande aula de educação, conhecimento e historia., aguardo todos na bienal e em todos os evento sempre realizados pela academia de letras e o jornal folha sertaneja.