No calendário brasileiro há tantos feriados, para se comemorar tudo. Até para foliar no carnaval. Há dias de santos e de pecadores. Dia de se lembrar eventos que, de certa forma, foram importantes para determinadas categorias de pessoas ou para instituições. Há o dia da independência do Brasil e dos municípios.

Dia 15 de outubro deveria ser feriado nacional, não apenas feriado escolar. Porque o Professor, pela sua atividade desenvolvida por décadas seguidas, as suas ações em todo o tempo, por várias gerações até, não alcançam apenas o território escolar, a sala de aulas, o prédio escolar, a universidade.

As ações promovidas pelos professores e professoras, desde os tempos das normalistas, e desde a tenra infância, no maternal, no infantil, no fundamental, no nível médio, nos cursos técnicos e nas universidades é que vão marcar a vida desses estudantes.

Quando estes ex-alunos, agora profissionais que honram as profissões que escolheram chegam a esse patamar, hão de se lembrar da banca desconfortável da sala de aulas, dos colegas com que conviveram nessa caminhada por muitos anos e certamente levarão consigo a convivência, os momentos em que mereceram, individualmente ou coletivamente, a atenção de um professor, de uma professora e, dentre tantos ao longo da vida de estudante haverá uma pessoa, professor ou professora a quem se poderá chamar de “Meu Mestre Inesquecível”.

No livro que já estou esperando e desejo lançar ainda este mês e, no qual homenageio mestres e mestras com quem convivi algum tempo da minha caminhada, eu me lembrei da fala do pai do personagem narrador, Sérgio do livro O Ateneu, de Raul Pompeia.

Ao deixar o filho no colégio interno o pai lhe disse: “Vais encontrar o mundo, disse meu pai, à porta do Ateneu. Coragem para a luta.” E, ao encontrar um novo mundo dentro das paredes da escola, o estudante também encontra mulheres e homens, professoras e professores que o ajudam a alimentar essa coragem para a luta.

Aristóteles, que nasceu em 384 a.C. em Estagira, na Macedônia, então sob influência grega, que aos 17 anos entrou para a Academia de Platão, em Atenas, já dizia sobre o papel do Professor: “

“Educar a mente sem educar o coração não é educação em absoluto”.

Nesse século 21, Rubem Alves, educador, autor de mais de cem livros, deixou uma frase sobre a atividade do Professor que merece mesmo uma boa reflexão.

“Ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma forma continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa palavra. O professor, assim, não morre jamais”.

De fato, mesmo sem precisar de capa e espada, o Professor, a professora, sempre será marcante na vida e na caminhada de cada estudante e se imortaliza pelo que deixou nessa caminhada com os seus alunos.

Uma pena que muitos alunos que, depois, certamente aproveitando os bons ensinamentos dos seus mestres desde a sua infância, uma vez adultos, importantes figuras em seus municípios, no país, quase nunca se lembram dos seus mestres lá no começo do caminho e não lhe dá o reconhecimento e a valorização que ele merece, condições melhores para o exercício de sua profissão tão nobre, salários decentes para que também o professor, a professora, possa viver dignamente.

Durante décadas exerci o magistério, mas para isso, fui também, durante muito tempo, estudante e continuo sendo sempre um eterno aprendiz.

Aos mestres e mestras de todos os tempos e os de hoje que sofrem com as agruras da mudança de atitudes de muitos alunos, com o crescimento da violência nas escolas, com a falta de valorização e de reconhecimento permanente – e não apenas mensagens de elogios no dia do Professor – e ainda com as mudanças radicais em sua atividade com a chegada da pandemia, às professoras heroínas das escolas infantis, o nosso maior aplauso.

A todos os professores nosso maior carinho no Dia do Professor que é todo dia. 15 de Outubro é apenas para lembrar que todo dia é DIA DO PROFESSOR!

Antônio Galdino da Silva

15 de outubro de 2021