A TV Record criou uma série chamada “Deixa Ela Jogar” no seu programa Esporte Fantástico, levado ao ar nas manhãs de sábados, destacando a evolução do futebol feminino desde suas origens, em 1921 à proibição em 1941 e a nova liberação a partir do ano de 1979.
“Deixa Ela Jogar mostra meninas que sonham com futuro no futebol”, esse foi o título da reportagem especial exibida pelo programa Esporte Fantástico, da TV Record, na manhã deste sábado, 22 de Junho.
As mulheres vêm conquistando espaço no futebol e a procura por escolinhas em que meninas possam jogar só aumenta. Atualmente, os clubes já têm divisões de base, diz o texto publicado também no site da emissora. Garotas e técnicas envolvidas com o futebol foram ouvidas na reportagem.
Larissa - montagem site PA4.com.br
A pauloafonsina Larissa: “Minha meta é só chegar na seleção e conquistar o Brasil. Conquistar o mundo”...
Uma das entrevistadas foi a pauloafonsina Larissa Carvalho de Souza de 16 anos, moradora do Bairro Tancredo Neves 3, ex-aluna do Colégio Estadual Quitéria Maria de Jesus e que, recentemente, contou com a ajuda do seu professor de Inglês, Paulo Alves e de familiares e viajou para o Rio de Janeiro onde participou de um teste e foi aprovada na peneira da categoria sub-18 do Flamengo.
Entre sorrisos e lágrimas de emoção, Larissa contou para a repórter Bruna Dealtry sobre sua paixão pelo esporte e revelou que sua mãe não a queria jogando futebol: “Minha mãe não aceitava, isso não é coisa de menina, vá estudar! Futebol não presta, é coisa para menino”, disse Larissa sobre a resistência da sua mãe ao seu sonho.
Ela continuou: “Aí eu perguntei, mãe acredita que eu ainda vou ser uma jogadora? Ela falou – não.”
Mas, no Rio de Janeiro, a mãe assistiu ao treino da filha pela primeira vez, já pelo Flamengo. “Estavam todas as mães ali, fui lá e o olho dela estava cheio de lágrima, aí eu perguntei – E aí mãe, o que achou do meu futebol? Ela falou, orgulho né, se é isso que você quer, parabéns. Joga muito.”, contou emocionada a jovem Larissa.
E revelou qual era a sua meta: “Minha meta é só chegar na seleção e conquistar o Brasil. Conquistar o mundo. Ser reconhecida”.
O programa foi exibido no momento em que a seleção brasileira feminina de futebol acabava de ser eliminada da Copa do Mundo que se realiza na França e a grande Marta, artilheira e escolhida como a melhor do mundo seis vezes, faz um apelo emotivo para que se dê mais condições, mais apoio ao futebol feminino no Brasil, o que pode resultar em melhores condições para estas jovens que estão começando agora, como Larissa e, quem sabe, veremos mais uma brasileira do interior do Brasil brilhando na Seleção Brasileira de Futebol Feminina. Determinação ela, apesar da pouca idade, já demonstrou que tem. E muito!
Conheça um pouco da história do Futebol Feminino no Brasil
Segundo o livro "Futebol, Carnaval e Capoeira - Entre as gingas do corpo brasileiro", de Heloísa Bruhns, enquanto os homens da elite brasileira começaram a praticá-lo no final do século XIX em São Paulo e no Rio de Janeiro, o grupo feminino que aderiu à prática do futebol era pertencente às classes menos favorecidas.
Por conta disso, as mulheres que jogavam futebol eram consideradas "grosseiras, sem classe e malcheirosas". Às mulheres da elite cabia o papel de torcedoras. "As partidas de futebol masculinas eram um evento da alta sociedade e as mulheres se arrumavam para ir assistir aos jogos", afirma o livro.
Os primeiros registros de partidas mistas no país, com homens e mulheres juntos, datam de 1908 e 1909.
Em 1913, houve um evento beneficente, que foi considerado por muitos anos como a primeira partida de futebol feminino no Brasil.
Anos depois, porém, foi descoberto que, na verdade, o time “feminino” era formado por jogadores do Sport Club Americano, campeão paulista daquele ano, vestidos de mulher, misturados a “senhoritas da sociedade”.
Desta forma, considera-se que a primeira partida de futebol feminino no Brasil ocorreu em 1921, entre senhoritas dos bairros Tremembé e Cantareira, na zona norte de São Paulo, conforme noticiado pelo jornal A Gazeta.
Em 1941, aconteceu o primeiro jogo masculino apitado por uma mulher, num amistoso entre o Serrano de Petrópolis contra o América do Rio. Na ocasião, o árbitro passou mal e uma atleta da partida preliminar ao amistoso assumiu o apito.
De 1941 a 1979 – Futebol feminino proibido por Decreto-Lei Federal
Em 14 de Abril de 1941, durante a presidência de Getúlio Vargas, foi-se criado o Decreto-Lei 3199, proibindo a “prática de esportes incompatíveis com a natureza feminina”, entre eles o futebol. Este decreto-lei só seria revogado em 1979.
O Araguari Atlético Clube é considerado o primeiro clube do Brasil a formar um time feminino, que em meados de 1958, selecionou 22 meninas para um jogo benificiente em dezembro deste mesmo ano. O sucesso desta partida foi tão grande, que a revista "O Cruzeiro" fez matéria de capa sobre o acontecimento, pois até então, partidas femininas só ocorriam em circos ou em quadras de futsal. Com esta divulgação, houve, nos meses seguintes, vários jogos do time feminino do Araguari em cidades de Minas Gerais (Belo Horizonte inclusive) e também em Goiânia e Salvador.
Em meados de 1959 a equipe feminina do Araguari foi desfeita, por pressão dos religiosos de Minas Gerais.
Em 1967, Asaléa de Campos Micheli, mais conhecida por Léa Campos, foi a primeira mulher a terminar um curso de arbitragem.
O Decreto-Lei 3199 proibia as mulheres apenas de jogarem, mas não faziam menção sobre arbitragem. Essa brecha foi o que garantiu a Léa o direito de participar do curso de árbitros em Minas Gerais, feito no Departamento de Futebol Amador da Federação Estadual. Em entrevista ao programa Esporte Espetacular, da Rede Globo, em 2007, ela informou que não pode participar sequer da formatura do curso, por represálias machistas.
A primeira seleção Brasileira de futebol feminino foi convocada pela CBF em 1988, para disputar - e vencer - o “Women’s Cup of Spain”. (wikipedia.org)