5 de julho de 2024, sexta-feira. É, sem dúvida, um dia para se destacar na agenda, especialmente dos desportistas que recebem, no início da noite o Estádio Municipal de Paulo Afonso depois de passar por mais uma reforma e melhorias realizadas pela Prefeitura Municipal de Paulo Afonso.
Impossível contar, em um texto para um site, uma matéria jornalística, os detalhes, resgatando a história e a memória de um campo de futebol prestes a completar 50 anos desde a sua inauguração, em 1976, como Estádio Ruberleno de Oliveira. São 48 anos de muitas histórias, além de outros tantos no passado desde os seus primórdios ainda em 1946, há 78 anos, quando foi feita a primeira limpeza da vegetação da caatinga, retiradas as catingueiras, as coroas de frade, os xique-xiques e outras vegetações da Caatinga que cobriam essa área do hoje Estádio Municipal Álvaro de Carvalho.
Mas, nesse dia histórico para o futebol de Paulo Afonso, vamos contar um pouco dessa história.
Para contar todos os detalhes da história do futebol em Paulo Afonso, o radialista e comentarista esportivo por décadas, Nilson Brandão, escreveu um livro com 260 páginas, cerca de 200 fotos, sendo 100 delas coloridas, organizado por Antônio Galdino da Silva na Galcom Comunicações mas não teve ainda apoio para a sua publicação. Quem sabe, um dia isso acontece, a impressão e publicação do livro Ecos do Futebol em Paulo Afonso e outros esportes.
Esse Estádio de Futebol, já há muito tempo pequeno para uma população sempre crescente do município tem o começo de sua história ainda no ano de 1946.
Registra o livro Os Caminhos da Educação – de Forquilha a Paulo Afonso, que publiquei em 2021 uma história que consegui do Engenheiro Luiz Fernando Motta Nascimento que chegou a esta região no ano de 1946, quando seu pai, o Mestre Alfredo, foi contratado para trabalhar na Usina Piloto que estava sendo construída pelo governo federal, através de seu Ministério da Agricultura, que era quem cuidava dessas atividades.
Com a necessidade de oferecer o ensino aos filhos dos empregados, os responsáveis pela obra improvisaram uma escola no fundo do galpão de materiais da construção onde hoje é o Clube Operário de Paulo Afonso. Para dar aulas a estas crianças, foi escolhido entre os funcionários administrativos o Sr. Júlio Valentim.
Toda essa região era exatamente o coração da Caatinga e, para também oferecer recreação e lazer a estes estudantes, o Sr. Júlio Valentim com alguns outros empregados da obra e os próprios alunos começaram a desmatar e limpar a área ao lado da sala de aulas, sendo ali o embrião do Poeirão, que depois seria o Estádio Ruberleno e desde o início do século 21, o Estádio Municipal Álvaro de Carvalho.
Quando a Chesf se instalou na região, a partir do final de 1948, melhorou as condições do lugar.
Enquanto Poeirão esse espaço era o lugar onde a diretoria da Chesf promovia grande encontros festivos com os seus empregados pioneiros.
Ali, jogava-se futebol, fazia-se “cabos de guerra” e em umas das laterais debaixo de lonas para proteger do sol inclemente da caatinga havia outras programações, inclusive distribuição de presentes da Natal para os filhos dos empregados.
Ao longo dos anos foram criados muitos times de futebol, surgiram os campeonatos. O local passou a ser a efervescência do futebol nos fins de semana.
Antigo Mercado Público (prédio quadrado, que foi depois a Escola Parque, da Chesf e atualmente é a UNEB). Em frente, o Campo de Futebol, hoje Estádio Álvaro de Carvalho. Acima dele, o Clube Operário de Paulo Afonso - COPA.
Diz Nilson Brandão em seu livro “Ecos do Futebol em Paulo Afonso e outros esportes”, ainda aguardando apoio para ser publicado, que “como a Chesf havia construído o Mercado Público com vários boxes comerciais, que depois foi adaptado para ser a Escola Parque e hoje é a UNEB, dois desses boxes eram utilizados como uma ‘extensão' do campo de futebol onde os jogadores colocavam o seu material de jogo.”
Diz ainda Brandão: “Nosso histórico campo de futebol, mesmo sem gramado e outras coisas, foi palco de grandes jogos nas duas décadas áureas de história, as décadas de 1950 e 1960. Dentre os grandes times ali jogaram nesse tempo, o Bonsucesso, do Rio de Janeiro, Sport Club do Recife, Esporte Clube Bahia, de Salvador, Treze de Campina Grande, todos na época em que estavam no auge da fama.”
Avançando no tempo, a Chesf resolveu dar ao Poeirão a cara de um Estádio, modesto, mas melhor arrumado. Dessa grande reforma participou um engenheiro chamado Ruberleno de Oliveira que faleceu e, em sua homenagem a Chesf batizou o novo Estádio com o seu nome.
Lembra Nilson Brandão, em seu livro que “em 15 de agosto de 1976 o Estádio Ruberleno foi inaugurado com um clássico pernambucano – Sport e Náutico, do Recife”.
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Por muitos anos esse Estádio atraiu grande público para ver os bons times de Paulo Afonso, e de outros lugares que vinham jogar aqui. Os mais antigos nunca vão esquecer da rivalidade entre Olímpico e Caveira. Nem dos feitos da primeira grande seleção de Paulo Afonso.
Nilson Brandão também destaca em seu livro a figura do Sr. Álvaro de Carvalho que hoje dá nome a esse Estádio Municipal de Futebol em um capítulo chamado “O Futebol de Paulo Afonso na era Álvaro de Carvalho”, onde destaca que “ele era carioca, torcedor do Flamengo, rubro-negro de coração, fumava charuto e estava sempre aberto para conversar com as pessoas que o procuravam, um exemplo clássico de desportista nato a quem o futebol de Paulo Afonso haverá de ser grato independente de que as gerações e os tempos passem.”
Miravan, grande atleta do Caveira, disponibilizou fotos históricas para o livro de Nilson Brandão e em uma delas apresentou uma das seleções de Paulo Afonso que, na sua visão, esta foi a seleção inspiradora para todas as gerações posteriores.
E, no ano de 1985, a Seleção de Futebol de Paulo Afonso foi campeã do Campeonato Intermunicipal de Futebol da Bahia, deixando sua marca nessa história com esse time: Fábio, Joãozinho, Paulão, Nego Edson, Zé Orlando e Catimbó. Lalau, Edilson Galego, Duda (com o mascote), Capá e Pingo.
Chesf transfere o Estádio Ruberleno Oliveira para a gestão da Prefeitura de Paulo Afonso
“Na tarde do dia 28 de outubro de 1999, no Auditório do Memorial Chesf de Paulo Afonso, o então Ministro das Minas e Energia, Rodolfo Tourinho, selou a mudança de propriedade do Estádio Engenheiro Ruberleno Oliveira, que deixou de ser da CHESF e passou à responsabilidade plena do nosso Município, ou seja, da Prefeitura Municipal de Paulo Afonso, 23 anos depois de ter sido inaugurado. O Prefeito da nossa cidade, naquela oportunidade, era o Engenheiro Paulo Barbosa de Deus.” Escreveu Nilson Brandão em seu livro ainda inédito.
Estádio Ruberleno passa a se chamar Álvaro de Carvalho
Alguns meses depois da passagem do Estádio Ruberleno Oliveira para a gestão da Prefeitura de Paulo Afonso, o grande desportista e saudosa memória, Paulo Lopis da Silva, vereador da Câmara Municipal de Paulo Afonso, apresentou na Câmara o Projeto de Lei Nº 002/2000, de 17 de fevereiro de 2000, mudando o nome do Estádio Ruberleno de Oliveira para Estádio Municipal Álvaro de Carvalho, como uma justa homenagem a esse dedicado desportista pioneiro de Paulo Afonso.
O Projeto foi aprovado por unanimidade pelos 15 vereadores daquela legislatura no dia 6/6/2000 e foi sancionado pelo Prefeito Paulo de Deus como Lei Municipal Nº 894/2000.
Durante anos os desportistas de Paulo Afonso viram o Estádio Álvaro de Carvalho definhando até fechar por muitos anos, tirando dos amantes dos esportes, especialmente do futebol, a oportunidade de voltar a ver jogos memoráveis dos muitos bons times de Paulo Afonso, dos times visitantes, dos campeonatos da cidade, dos jogos do Intermunicipal, dos Jogos Estudantis de Paulo Afonso...
Hoje, 5 de julho de 2024, o vice-prefeito Marcondes Francisco dos Santos, no exercício do cargo de prefeito de Paulo Afonso, em face do afastamento do prefeito Luiz Barbosa de Deus, por motivo de saúde, inaugura mais uma reforma e ampliação do Estádio Municipal Álvaro de Carvalho reavivando a esperança dos desportistas pauloafonsinos da possibilidade de retomada de um calendário de muitos jogos, a reestruturação dos times e da seleção de Paulo Afonso e sua participação no Campeonato Intermunicipal do Estado da Bahia.
Enfim, que a oferta desse estádio melhorado e a sua permanente conservação pela gestão municipal seja, de fato, o retorno das grandes tardes de domingo, e das noites de futebol em Paulo Afonso nesse requalificado Estádio Municipal Álvaro de Carvalho, de Paulo Afonso-BA.
E, contada um pouquinho dessa história, pra matar saudades dos desportistas, algumas imagens inesquecíveis, pequena amostra do futebol de Paulo Afonso.
Nilson Brandão tem muitas histórias e lembranças no seu livro Ecos do Futebol de Paulo Afonso e outros Esportes. Aqui, com Hugo Quadros e abaixo, Ninoflá, Brandão, Tony Filho e J. Bezerra (in memoriam)
Lalau em jogo no Ruberleno
Periperi
Esporte Clube Brasil
RENAC - Redenção do Nordeste Atlético Clube
Fiquei muito feliz de ler e relembrar da alegria de meu tio Álvaro, quando ele e seu irmão Antônio Carvalho trabalhadores desbravadores da realização do CHESF,mas queria pedir para fazerem uma correção toda família CARVALHO é mineira de Ibiá.Obrigado pela bela homenagem, sei que ele está muito feliz, uma das histórias que ouvi, que um dos times da CHESF teve o nome de FLAMENGO, ele também era um fanático torcedor do RUBRO NEGRO CARIOCA, O MAIS QUERIDO DO BRASIL.
Muito feliz por terem homenageado meu pai Álvaro de Carvalho. Sinto muito orgulho de ter morado em P.A.onde vivi os melhores momentos da minha vida, cheguei com dois anos e saí com 14 anos. Obrigado a todos Paulafonsinos (acho que acertei)Grande abraço.
Espetacular o texto em todos aspectos.Reavivou minha memória e retornai as doces lembranças de minha infância e adolescência.Fiquei constrangido com a falta de se sensibilidade dos empresários de Paulo Afonso, que não cooperaram suficientemente na publicação das informações de Nilson Brandão.
Sobre a mudança do nome do estádio, data vênia e com todo o espeito à memória de Paulo Lópis, assíduo leitor dos meus textos no site, seria de bom alvitre entrarmos na prática da mudança de nomes de logradouros e equipamentos municipais? Antes, o nome da avenida já havia sido trocado de André Falcão para Apolônio Sales. Quem sabe o nome Álvaro de Carvalho, meritório com certeza, para algo bem maior como, por exemplo, um complexo esportivo entre a Avenida André Falcão e o Bairro Abel Barbosa?