Quando morre um comunicador...
A morte é inevitável. Todos havemos de um dia, no tempo de Deus, chegar a este momento de despedida deste mundo, dos afazeres, dos amigos, dos familiares mais queridos.
Mas, parece que quando morre um comunicador, um radialista, um jornalista, paira no ar um sentimento diferente. O peso da sua ausência parece mais sentido por mais pessoas, gente que ele nem conhecia mas com quem conversava, trocava mensagens, palavras, frases através de um microfone, em cima de um palanque, nas páginas de um jornal ou nos estúdios da TV, do rádio e, mais recentemente, nos blogs, nos sites, Instagran, redes sociais, na internet.
Através dos comunicadores, o ouvinte ou telespectador, o leitor, anônimo se sentia mais gente. E, quando esses comunicadores se vão, deixam o convívio com seus seguidores, fica um vazio grande.
Foi assim quando nos deixou o inesquecível Gilberto Leal, da Voz do Povo, foi assim com Ricardo Broechat, com Paulo Henrique Amorim. Será assim, em Paulo Afonso, como Antônio José Diniz.
A morte de Diniz promoveu o reencontro de muitos radialistas, comunicadores, muitos deles, formados nos microfones e estúdios das Rádios Cultura AM e FM de Paulo Afonso, marca do pioneirismo de Antônio José Diniz, fato do que ele muito se orgulhava e dizia: “Eu coloquei Paulo Afonso no mundo através das ondas das Rádios Cultura”, inspirado no que ouviu de outro pioneiro de saudosa memória, Nicolson Chaves, que disse, quando a Rádio Cultura foi inaugurada: “Paulo Afonso agora tem voz”.
E, acrescentava Diniz: “O que me alegra é que a voz de Paulo Afonso ultrapassou fronteiras, invadiu outros Estados nordestinos e agora, com as Rádio Cultura AM e FM na internet, estamos em todo o universo, em todo o mundo”.
Uma grande verdade, porque antes das Rádios Cultura que nasceram há mais de 40 anos, em 8 de Dezembro de 1978, abençoadas pelo 1º Bispo de Paulo Afonso, D. Jackson Berenguer Prado, Paulo Afonso só teve a saudosa Rádio Poty, de Antônio Bernardo, Raimundo e Mário depois de Roque Leonardo, pequena, sem regularização do Dentel.
Polêmico, mas autêntico, de diálogo difícil mas determinado, Diniz sempre foi assim: odiado por alguns, amado por outros e, como disse o repórter Eraldo Oliveira, da Rádio Angiquinho, “a comunicação em rádio em Paulo Afonso terá que ser reconhecida como a de antes e a de depois de Diniz”.
Ele mereceu as honras que a morte lhe trouxeram. O seu corpo foi velado na Câmara Municipal de Paulo Afonso. Afinal a Câmara é do povo, de quem emana todo o poder... E, em todo o tempo das Rádios Cultura, Diniz sempre abriu os microfones para o povo. E, no leito em que iria morrer, chamou o filho Dinizinho ao seu lado e lhe disse: “Meu filho, cuide das Rádios e nunca negue espaço ao povo. Deixe o povo falar”.
Nascido em Afogados da Ingazeira/PE, chegou em Paulo Afonso com os pais José Vitorino e D. Corina Diniz, ainda menino, porque o pai deixou o trabalho da Fábrica Peixe para trabalhar na Chesf.
Em Abril de 2018, no mês do seu aniversário, ele nasceu dia 8 de Abril, recebeu como presente, aprovado pela unanimidade dos vereadores da Câmara Municipal, o título de Cidadão de Paulo Afonso.
Diniz que vinha sofrendo há meses com os problemas da diabetes, já havia amputado uma parte de um dos seus pés e vivia mudando de hospital - Nair Alves de Souza, hospital do Recife, de novo Nair e por fim no Hospital Municipal de Paulo Afonso – sempre muito bem cuidado pelo filho Dinizinho, pela ex-esposa Saúde e também pela filha, Soraya, que veio do Canadá para lhe dar assistência, faleceu no dia 20 de Julho de 2019, Dia do Amigo, às 19 horas e foi sepultado já no início da noite do dia 21, no cemitério Padre Lourenço Tori.
O seu corpo, em cima de um carro dos Bombeiros, percorreu a Avenida Apolônio Sales, a rua São Francisco, passando em frente ao prédio da Rádio Cultura, seguiu pela Avenida Getúlio Vargas, Praça D. Jackson Berenguer Prado, Catedral N.S. de Fátima, sendo aplaudido pelos moradores, por onde passava.
No velório e no cemitério poucos políticos: o ex-vereador Daniel Luiz sempre apoiando a família de Diniz há tempo e os vereadores Mário Galinho e Jean Roubert. Os secretários municipais Ivaldo Sales (Saúde) e Francisco (Meio Ambiente), o ex-prefeito José Ivaldo. Diretores de rádios e jornal como J. Matos (RBN) Giuliano Ribeiro (Angiquinho), João Neto (Betel), Antônio Galdino (jornal Folha Sertaneja) muitos radialistas e comunicadores e o povo simples, ouvintes da Rádio Cultura.
Na chamada da Rádio Cultura para o seu velório e sepultamento, na saída do seu corpo da Câmara de Vereadores, durante o trajeto pelas ruas da cidade e durante o seu sepultamento, a execução da música "Paulo Afonso", de Luiz Gonzaga e Zé Dantas, considerada com o hino da Chesf por muitos. Foi uma lembrança da família porque ela amava esta música e, quando inaugurou a Rádio Cultura, esta música, como um marco, foi tocada durante 60 vezes seguidas...
Quem melhor definiu Antônio José Diniz foi Zé de Ló, nesses versos que circularam pelas redes sociais no dia da sua morte.
Descansou a voz que não queria calar, que nos últimos tempos já dava sinal do seu cansaço.Vai guerreiro ao encontro do pai maior que está a sua espera.Homem que foi amado e odiado, mas com seu geito ele foi seguindo e se superando a cada queda ou crítica.Deus da força aos familiares e a nos amigos.⭐