Delmiro deu a ideia, / Apolônio aproveitou, / Getúlio fez o Decreto / e Dutra realizou. / Meu Paulo Afonso foi sonho / que já se concretizou”
Estes versos da canção criada por Luiz Gonzaga e Zé Dantas em 1955, em homenagem à inauguração da primeira usina da Chesf em Paulo Afonso, traz à memória a viva emoção de um sertanejo, filho de um motorista pioneiro da Chesf que desde os 8 anos de idade vendia gibis pendurados em um varal no quintal da sua casa, no Grupo 7 da Chesf, perto do Posto de Puericultura e da Escola Adozindo, mantidos pela Empresa Hidrelétrica.
Essa inquietação do menino Antônio José Diniz o fez empresário, vendedor e distribuidor de livros e revistas na região e o levou a sonhar com voos mais altos e ser, um dia, o dono de uma emissora de rádio.
Em Paulo Afonso já havia a Rádio Poty que, embora prestasse um bom serviço à comunidade, não estava autorizada a funcionar e, depois de um tempo foi fechada pelo Dentel, órgão do Ministério das Comunicações.
E no dia 8 de Dezembro de 1978, sob as bênçãos do primeiro bispo de Paulo Afonso, D. Jackson Berenguer Prado, quando as ondas sonoras da Rádio Cultura de Paulo Afonso se espalharam pelo quatro estados do Nordeste que fazem limite com Paulo Afonso, o sonho do menino pobre, filho do motorista José Vitorino Diniz e de D. Corina Diniz, tornou-se realidade.
Nesse dia, quando a voz do locutor Djalma Nobre anunciava a chegada desta nova emissora de rádio, os acordes da canção Paulo Afonso, cantada por Luiz Gonzaga invadiu muitos quilômetros de terras nordestinas. E a música tocou o dia inteiro, cerca de umas sessenta vezes, como afirmou o próprio Antônio José Diniz.
Diniz criou o hábito de abrir os microfones da Rádio Cultura para a participação especial dos ouvintes, que sempre tiveram espaços valiosos na programação, para que no dia 8 de dezembro viessem à emissora compartilhar com ele e com os seus colaboradores do aniversário desta rádio.
Este ano, Soraya, Dinizinho, Saúde e todos os comunicadores da Rádio Cultura de Paulo Afonso estarão recebendo as pessoas, a partir das 11 horas deste domingo, 8 de dezembro, quando a Rádio Cultura completa 41 anos de vida compartilhada com esse mesmo público, ouvintes fiéis, todas as horas, da programação dessa emissora.
Esse 8 de Dezembro de 2019, será um dia de muita emoção porque este é o primeiro ano que a Rádio Cultura de Paulo Afonso aniversaria e recebe seus ouvintes, sem a presença do seu fundador, Antônio José Diniz, o sertanejo que nasceu em Afogados da Ingazeira, em 8 de abril de 1943 e nos deixou no dia 20 de julho de 2019, há pouco mais de quatro meses.
A criação de uma emissora de rádio em Paulo Afonso era um sonho antigo de Antônio José Diniz, que trabalhava há anos no ramo de comércio e representação de revistas e livros na sua empresa chamada Distribuidora Sedução.
Como uma homenagem do jornal Folha Sertaneja a esta emissora e ao seu fundador, decidimos reproduzir uma entrevista feita com Antônio José Diniz, há três anos, em 2016 e nela, ele próprio conta toda a luta para que hoje esta rádio comemore mais um aniversário, 0 41º de uma longa caminhada que ainda em pela frente.
A história da Rádio Cultura de Paulo Afonso contada pelo seu criador, Antônio José Diniz
“Com esse sonho de um dia ter uma emissora de rádio em Paulo Afonso, visitei dezenas de emissoras de rádio na região. Ao todo foram 27. Em todas elas, sempre fui muito bem recebido, como na Rádio Gazeta de Alagoas, considerada na época uma referência em radiodifusão no Nordeste, quando tive oportunidade de conhecer os Collor de Melo, Fernando que veio a ser presidente da República, foi cassado e hoje retorna como Senador pelo Estado de Alagoas e seu irmão, Pedro Collor”.
“Mas foi na 27ª visita, feita à Rádio Juazeiro, quando conheci Osvaldo Benevides que praticamente nasceu a Rádio Cultura de Paulo Afonso”, diz Diniz.
“Foi através de Benevides que conheci o Dr. Eric Schmidt Andrade, influente engenheiro eletrônico com livre trânsito no Ministério das Comunicações, dirigido na época pelo Ministro Euclides Quandt de Oliveira. Ele fazia projetos de radiodifusão e era muito respeitado na Ministério e no Dentel”.
“Benevides, vendo a minha determinação na busca de conseguir realizar esse sonho, me disse: “Você vai ser dono de uma emissora”.
“O projeto encaminhado ao Dr. Andrade nominava a emissora de Rádio Sedução, mesmo nome da distribuidora de livros e revistas, mas esse nome não foi aceito. Fiz então uma pesquisa popular e o nome sugerido pela maioria das pessoas ouvidas foi Rádio Cultura”, diz Antônio Diniz e justifica:
“Conseguir a realização do sonho ainda estava muito difícil. A primeira grande barreira foi colocar Paulo Afonso no Plano Nacional de Radiodifusão, conseguido por Dr. Andrade. Depois, enfrentar a concorrência de um grupo formado por Dr. Hans Adelseck, conceituado engenheiro eletrônico da Chesf, Gerson Albuquerque (Campeão), Nilson Brandão e Antônio Bernardo, com o seu projeto da Rádio Tropical. Cheguei a desanimar”.
Emocionado, Diniz lembrou de um telefonema que recebeu do Dr. Andrade.
“Era um sábado, quase 11 horas da manhã, do mês de junho de 1977 e eu até estranhei porque o Dr. Andrade nunca ligava. Ele perguntou se eu estava de pé e disse que eu me sentasse e me deu a notícia: ‘Você é o mais novo radiodifusor do Brasil. Seu projeto foi aprovado e está no Diário Oficial’. Foi um impacto emocionante. Vibrei muito. Lembro que reuni as pessoas mais próximas e corri para o Royal Drinks para uma comemoração. Paguei bebida pra todo mundo. Uma imensa alegria”.
“Mas a concessão não era tudo. Tinha a concessão na mão e nenhum dinheiro no bolso. E em dois anos a rádio tinha de estar no ar ou eu perdia a concessão. Comecei a negociar com as distribuidoras de revistas e com a Olivetti, da qual eu era representante na região e fui investindo em equipamentos.
“Formei uma equipe e começamos a visitar rádios na região para conhecer grades de programação, equipamentos, profissionais. Dentre as rádios visitadas estava a Rádio Novo Nordeste de Arapiraca, que nos deu grande apoio”.
“No final de outubro de 1978, menos de um ano de meio desde a concessão, a Rádio Cultura AM entrou no ar para um período de experiência. Nesse dia, colocamos para rodar a música Paulo Afonso, de Luiz Gonzaga e Zé Dantas, pelo menos 60 vezes, uma atrás da outra, para marcar mesmo este outro lindo hino de Paulo Afonso, a cidade e a Rádio Cultura, que chegava”, lembra Diniz.
“A primeira voz a entrar no ar foi a do locutor Djalma Nobre, que anunciava a chegada da Rádio Cultura. Nunca vou esquecer também de uma frase dita pelo saudoso Nicolson Machado Chaves, outro apaixonado por Paulo Afonso que disse: ‘Paulo Afonso agora tem voz”.
“Em 8 de dezembro de 1978 – Dia de Nossa Senhora da Conceição, a Rádio Cultura entrou no ar comercialmente, com as bênçãos do Bispo D. Jackson Berenguer Prado, primeiro bispo de Paulo Afonso. Tempos depois, a Rádio Cultura AM ganhou uma irmã, a Cultura FM e juntas formam a Rede Cultura de Paulo Afonso”.
“Eu, realmente dei voz a Paulo Afonso. E o que me alegra é que a voz de Paulo Afonso ultrapassou fronteiras, invadiu outros Estados nordestinos e agora, com as Rádio Cultura AM e FM na internet, estamos em todo o universo, em todo o mundo”, concluiu Antônio José Diniz, de saudosa memória!
No domingo, 8 de dezembro de 2019, a Rádio Cultura de Paulo Afonso comemora 41 anos de vida. É o primeiro aniversário sem a presença física do seu criador.
E o seu sonho, o seu projeto de comunicação continua levando a história das vidas, da economia, da cultura, de Paulo Afonso para o mundo, agora sob os cuidados dos seus filhos Soraya e Dinizinho e da viúva Maria Saúde.
Soraya, tem aplicado a sua formação como Publicitária e com a participação de Dinizinho e de Saúde, está se dedicando por inteira na manutenção e crescimento desse sonho do seu pai e afirma:
“Eu sinto que esta é minha missão na vida e que estou buscando força de todos os lados e sobretudo no exemplo de garra, luta, determinação que tenho do meu pai, Antônio José Diniz, que construiu esse patrimônio cultural para Paulo Afonso e região com tanto amor e sonhando alto, trabalhando muito a vida inteira, desde quando tinha 8 anos. E prosseguir com esse trabalho é honrar o nome dele, o que eu, Dinizinho e minha mãe, Saúde, fazemos também com todo amor e com muito orgulho do nosso pai”.
Gostaria de saber o radialista Dijalma Nobre ainda é vivo?Foi um locutor que também marcou muito.Passou pela a rádio Cultura AM de Paulo Afonso
O dia de hoje nos lembra do aniversário de nascimento de Antonio José Diniz, implantador da primeira emissora oficial de Paulo Afonso (BA).Tive oportunidade de conhecer Diniz em 1969, quando trabalhamos na Rádio Poty, emissora de Roque Leonardo, e de manter uma longa amizade, a ponto de receber seu convite para voltar para Paulo Afonso em 1978, quando inaugurou a Cultura AM, e eu já estava em Alagoinhas (BA) trabalhando na Rádio Emissora AM 1240. Na história de Paulo Afonso, notadamente no rádio, o nome de Antonio José Diniz está perpetuado.
Antônio José Diniz foi sem nenhuma sombra de dúvida, o maior empreendedor da Radiodifusão pauloafonsina. Parabéns, Rádio Cultura de Paulo Afonso. Fico muito honrado em ter feito parte desta grandiosa emissora, nos anos de 1985, 1986, e 1988.👏👏👏👏👏