Há 62 anos, em 28 de julho de 1958, o governador da Bahia assinava a Lei Estadual 1.012/58 que criava o município de Paulo Afonso, cuja área territorial foi desmembrada do município de Glória.
Voltando no tempo, bem antes de toda essa luta pela emancipação de Paulo Afonso, vamos encontrar um lugar ermo, cheia de arbustos pequenos, mandacarus, xiquexiques, coroas de frade, macambira, jurema preta, jatobás, umbuzeiros, vegetação típica do bioma Caatinga.
Ao lado dessas terras, um rio de muitas águas formava muitas quedas chamadas por um tempo de Cachoeira Grande, também chamada Forquilha e Sumidouro.
Em 1725, essas terras onde estavam a grande cachoeira e que pertenciam à Capitania de Pernambuco, foram doadas ao português Paulo Viveiros Afonso e, como era comum no Nordeste se associar um lugar a uma pessoa, a Cachoeira passou a ser chamada de Cachoeira de Paulo Afonso, que está localizada na margem esquerda do grande rio, o rio São Francisco.
Paulo Viveiros Afonso aventurou-se em descobrir o outro lado do rio e ali fundou uma tapera – Tapera de Paulo Afonso.
A Cachoeira de Paulo Afonso mereceu muitos elogios feitos pelo engenheiro alemão, naturalizado brasileiro chamado Halfeld que, a mando do Imperador D. Pedro II, fez um estudo do rio São Francisco, desde Pirapora até a sua foz, no Oceano Atlântico e demorou-se muito por estas terras para registrar a beleza da Cachoeira de Paulo Afonso.
Tanto elogiou suas belas quedas d`água que o Imperador D. Pedro II, resolveu visitar esta outra majestade e chegou à Cachoeira de Paulo Afonso em 20 de outubro de 1859.
Castro Alves fez versos grandiosos sobre esta cachoeira e o cearense Delmiro Gouveia, que chegou à região no começo do Século XX, em 1903, viu que, além de encantar a todos pela sua beleza, estas muitas águas poderiam trazer o progresso para a região e criou ali, a Usina Angiquinho, inaugurada em 1913. Dali saía a energia hidrelétrica e também água encanada para sua Fábrica no Povoado Pedra, hoje Delmiro Gouveia.
Em 1948, foi criada a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco – Chesf - para aproveitar a ideia de Delmiro Gouveia e gerar energia hidrelétrica para todo o Nordeste.
E a Chesf se instalou no lado baiano do rio São Francisco, na sua margem direita, justamente no Povoado Forquilha, de 5 ou 6 casas espalhadas no meio da Caatinga.
Quando a Chesf chegou, muitos nordestinos e até pessoas de outras regiões, correram para Forquilha buscando emprego.
Foi aí que o inexpressivo povoado cresceu, e muitos barracos eram construídos para abrigar os muitos nordestinos que chegavam a toda hora. Na construção dos barracos foram aproveitados os sacos vazios de cimento usado nas obras da Chesf, da marca Poty. E o lugarejo passou a se chamar Vila Poty.
E cresceu tanto que em 1953 o município de Glória o transformou no Distrito de Paulo Afonso.
Nesse tempo já havia um grande reboliço no povoado para torná-lo independente, porque a Chesf construiu uma verdadeira cidade moderna em sua área de atuação e separou essa área da Vila Poty com uma cerca de arame farpado, depois substituída por um grande muro de pedras e os moradores da Vila Poty não tinham acesso fácil ao Acampamento da Chesf onde estavam escolas, igreja, campo de futebol. Banco, Correios, Hospital.
Esse movimento para a emancipação de Paulo Afonso, separando esse território do município de Glória contou com o apoio de um pernambucano chamado Abel Barbosa, que veio de Pesqueira e morava em Paulo Afonso desde 1950.
Abel Barbosa, Otaviano Leandro de Morais, Hélio Garagista e Amâncio Pereira haviam sido eleitos vereadores na Câmara Municipal de Glória e ali, sob a liderança de Abel Barbosa, depois de dois anos de muita insistência e determinação conseguiram que a Câmara de Glória aprovasse a emancipação política de Paulo Afonso, o que aconteceu no dia 10 de Outubro de 1956, mas para que isso acontecesse precisava da aprovação da Assembleia Legislativa da Bahia e que, uma vez aprovada a Lei que criava o município de Paulo Afonso ele precisava ser assinada, sancionada pelo governador do Estado.
Isso finalmente aconteceu no dia 28 de Julho de 1958, há 62 anos, quando o governador da Bahia, Antônio Balbino de Carvalho Filho assinou a Lei Estadual 1012/58, criando o Município de Paulo Afonso.
Todos os anos, intensa programação festiva, com festa nas ruas e desfiles cívicos, é realizada para comemorar o aniversário da emancipação política de Paulo Afonso.
Neste ano de 2020, por conta das restrições de circulação de pessoas nas ruas, impostas pela pandemia de coronavírus as comemorações são, na sua maioria, através de transmissões online, uma forma encontrada para que todos possam ter a oportunidade de aplaudir e se orgulhar desta terra, chamada de Redenção do Nordeste, a capital da energia, o município de Paulo Afonso.
Do inexpressivo povoado Forquilha, que se tornou grande e independente em 1958, Paulo Afonso tem hoje mais de 120 mil habitantes e é um dos mais respeitados e importantes municípios do Estado da Bahia.
É importante que todos entendam que se a Chesf não tivesse se instalado e construído muitas usinas hidrelétricas em Paulo Afonso, nem a cidade nem o município de Paulo Afonso existiriam, assim como muitas outras cidades da região que só se tornaram grandes depois que a Chesf construiu suas usinas hidrelétricas na região.
Também a história da região Nordeste do Brasil é escrita em dois grandes capítulos: O Nordeste A/C e o Nordeste D/C – O Nordeste antes e o Nordeste depois da Chesf.
Parabéns, Paulo Afonso!
Parabéns pela excelente matéria, Galdino!Tenho orgulho de ter vivenciado parte dessa história. Cheguei em Paulo Afonso com menos de um mês de nascida, morei e estudei, até meus 15 anos quando vim estudar em Recife. Que infância e adolescência de tantas memórias! Meu pai foi chesfiano e eu também .Seus registros valem ouro! Deus lhe abençoe e ilumine!
Galdino excelente retrospectiva da nossa querida Paulo Afonso , minha terra adotada de coração. Grande orgulho ter recebido o título de Cidadão de Paulo Afonso .Tive a oportunidade de ajudar as pessoas desta cidade com meus trabalho quando aí estava , bem com a minha saída continuei dentro do possível contribuindo para o engrandecimento da área de saúde.Galdino grande lutador pela grandeza desta Cidade
Tenho o maior orgulho de ser filho desta terra.Onde trabalhou meu avó, meu pai e eu na construção de diversas etapas das barragens que foram construídas pela CHESF.
Professor Galdino sempre nos faz relembrar nossa história, figura inoxidável que faz parte de nosso convívio, social, cultural. Obrigado professor por fazer parte de tudo isso.Manuel ReisPresidente da Associação dos Ex Alunos do Colégio Paulo Afonso COLEPA
Excelente resgate da história amigo Galdino!
Excelente material de pesquisa. Um verdadeiro acervo de dados sobre a cidade!