Ah, a lendária Quarta-feira de Cinzas, aquele momento sublime em que acordamos com a sensação de que fomos atropelados por um bloco de Carnaval, marchinhas inclusas. São quase 8 horas da manhã e as almas perdidas dos meus amigos me abandonam em casa, como se fosse um prêmio de consolação por ter sobrevivido à noite anterior. Cabeça doendo, vomitando mais que cachorro envenenado e morto de sono, sou uma obra-prima da ressaca em desenvolvimento.
Tento abrir a porta, uma, duas, três vezes, e nada. Será que mudaram a fechadura enquanto eu estava fora, perdido nas terras mágicas do Carnaval? Já dentro, o dilema me encara com olhos cansados: direto pra cama ou pro chuveiro? A cama parece tentadora, como um oásis no deserto da minha ressaca, mas o chuveiro promete redenção, uma espécie de batismo alcoólico para purificar a alma (e o corpo).
Galileu e Newton, os mascotes, me encaram com olhares de julgamento misturados com uma pontinha de preocupação. "Será que ele vai sobreviver a mais essa?", parecem perguntar com seus olhos multicoloridos. Bem, só o tempo (e talvez um bom café) dirá.
Enquanto tento juntar os cacos da minha memória embriagada, lembro das bocas que beijei. Muitas e sem procedência segura, até. Recordo-me de todas as paixões vividas, em cada dia. Ah, o Carnaval, esse festival de paixões efêmeras e juras de amor eterno que duram apenas até o último confete cair.
Mas, espera aí, nem troquei WhatsApp com as minhas paixões de cada dia... Será que foi só a emoção do momento ou o bloco da minha vida amorosa também passou e eu fiquei na calçada, só com a ressaca e as lembranças?
Outra rodada de vômitos é seguida por cólicas existenciais e a promessa solene de que nunca mais, em hipótese alguma, irei beber. Até a próxima festa, é claro. Afinal, quem precisa de juízo quando se tem Carnaval?
Luciano Júnior
Realmente foi pura ficção. Agradeço as palavras do Editor.Carnaval e álcool nunca foram meu forte, kkkkkkkkk
Rapaz! Quem não te conhece, quase um frei, vai pensar que a descrição é de fato muito pessoal, narrativa de vivências carnavalescas... Bom cronista parece ter vivido o que narra... Bom, ressaca à parte, como se diz que no Brasil tudo só começa pra valer depois do carnaval, então, quem sabe, a partir de hoje, já quinta-feira, as coisas começam a andar... Portanto, um Feliz Ano Novo, para todos! rssss