A Vida É Curta e Bons Amigos São Poucos!
Luciano Júnior
Era 22h30 quando saí da reunião, com o estômago roncando e o cérebro cansado. A ideia de um jantar tranquilo, saudável e civilizado parecia uma miragem distante. Então, me rendi à tentação moderna que jurei evitar: fast food. Entrei no Burger King, já sentindo o peso da culpa misturada à promessa quebrada de uma alimentação equilibrada. Lá estava eu, agarrado a um hambúrguer gigante e um copo de refrigerante lite, em plena prática do famoso ditado: "faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço".
Enquanto mastigava com gosto, meu celular vibrou. Como bom curioso, tentei limpar as mãos com uma rapidez que faria inveja a qualquer cirurgião, com um guardanapo de papel que mais espalhava do que limpava. Desbloqueei a tela e, antes de conferir a mensagem, meus olhos se fixaram em um cartaz na parede: “Ame a vida e os bons amigos, pois a vida é curta e os bons amigos são poucos.”
Entre uma mordida e outra, me vi refletindo sobre aquela frase. Como algo tão simples poderia conter uma verdade tão profunda? Ali, no meio de um restaurante fast food, entre batatas fritas e refrigerantes diluídos, a vida me dava uma lição. Não era o ambiente mais poético, mas quem disse que as grandes verdades precisam de cenário? Ao contrário, às vezes, elas aparecem no meio de uma pausa não planejada, quando estamos mais relaxados – ou distraídos com um hambúrguer.
E não é que, entre um gole de refrigerante lite e outro, essa frase foi crescendo dentro de mim? "Bons amigos são poucos", pensei. Sim, a correria do dia a dia, a lista interminável de tarefas, as reuniões sem fim... tudo isso nos afasta daqueles que realmente importam. Entre prazos e hambúrgueres apressados, deixamos as coisas essenciais passarem batidas, assim como aquela mensagem que eu ia ler antes de ser capturado pela profundidade inesperada do fast food.
Talvez seja essa uma das necessidades de repensar certezas. A gente vai vivendo no piloto automático, comendo rápido, sem perceber que, às vezes, as respostas estão nos lugares mais banais. Um cartaz no Burger King me lembrou que não importa o quanto corremos ou evitamos certas coisas – o que importa é como gastamos esse tempo que achamos tão curto, e com quem.
