noticias Seja bem vindo ao nosso site Jornal Folha Sertaneja Online!

LUCIANO JÚNIOR

O 20 de Novembro!

Publicada em 20/11/24 às 09:44h - 85 visualizações

Luciano Júnior


Compartilhe
Compartilhar a noticia O 20 de Novembro!  Compartilhar a noticia O 20 de Novembro!  Compartilhar a noticia O 20 de Novembro!

Link da Notícia:

O 20 de Novembro!
 (Foto: imagem ilustrativa)

O 20 de Novembro!

Luciano Júnior

O Dia Nacional da Consciência Negra é, ao mesmo tempo, um grito de resistência e um suspiro de resignação. Afinal, se precisamos de uma data para lembrar o óbvio — que a cidadania deve ser para todos — é porque falhamos em transformar isso numa prática cotidiana. O nome, pomposo e altivo, parece carregar um peso de ironia: celebra-se o que nunca deveria ter sido negado.

E não sejamos ingênuos: o brasileiro tem uma habilidade invejável de transformar problemas simples em nó de marinheiro. A começar pela turma que por interesses "outros" passa a maior parte do tempo tentando criar desavenças ou grupos polarizados em disputas por "alguma coisa", usando como máxima: "dividir para tentar conquistar!". E, ao final das contas, criamos desigualdades históricas e, quando percebemos o tamanho do estrago, inventamos medidas paliativas. É como pintar uma parede rachada: à distância, parece solução, mas o problema estrutural continua lá, firme e forte.

Nossa capacidade de deformar até as formas mais singelas de carinho é um espetáculo à parte. Um apelido como “Neguinha”, que para uns é uma demonstração de afeto, para outros é carregado de desprezo, dependendo do tom, da entonação, do olhar. O que começa como um gesto aparentemente inocente e amoroso, aos poucos, se revela mais uma forma de marcar diferenças, de colocar alguém em seu “devido lugar”. E o sarcasmo, nessa dança, é a cereja amarga no bolo. E a turma que incentiva as brigas usa isso com maestria...

Somos também campeões na arte de distorcer discursos. “Não sou racista, mas…” já virou até piada pronta, embora o subtexto nunca seja engraçado. Transformamos a busca por igualdade em polêmica, como se reconhecer o racismo fosse mais ofensivo do que praticá-lo. É uma habilidade tão peculiar quanto frustrante: falamos em “meritocracia” enquanto ignoramos que nem todos largam do mesmo ponto de partida.

O Dia da Consciência Negra, no entanto, carrega uma função que não pode ser ignorada. Ele nos faz parar, ainda que por um dia, para refletir. Para perceber que, enquanto celebramos o samba, a literatura, o teatro e as inúmeras contribuições negras que moldaram este país, ainda relutamos em enxergar que a igualdade continua sendo uma utopia para muitos. É uma pausa necessária, um convite para repensar nossas atitudes, nossas palavras, nossos gestos.

E talvez, um dia, não precisemos mais desse dia. Não porque esquecemos sua importância, mas porque a consciência, finalmente, terá se tornado parte do nosso cotidiano. Até lá, seguimos convivendo com nossas contradições, tentando transformar o sarcasmo em empatia, o preconceito velado em reconhecimento, e as piadas em diálogos. Porque é só assim, aos poucos, que construímos um país que não precise mais de remendos para sustentar a sua história.




ATENÇÃO:Os comentários postados abaixo representam a opinião do leitor e não necessariamente do nosso site. Toda responsabilidade das mensagens é do autor da postagem.

1 comentário


Edvaldo

20/11/2024 - 11:07:33

Entendemos o recado. Talvez um dia possamos falar mais claramente até porque, felizmente, com exceção dos descendentes diretos de imigrantes, todos temos, em maior ou menor escala, sangue negro nas veias


Deixe seu comentário!

Nome
Email
Comentário
0 / 500 caracteres


Insira os caracteres no campo abaixo:








Nosso Whatsapp

 (75)99234-1740

Copyright (c) 2024 - Jornal Folha Sertaneja Online - Até aqui nos ajudou o Senhor. 1 Samuel 7:12
Converse conosco pelo Whatsapp!