A Língua Afiada da Sociedade
Luciano Júnior
Se alguém perguntar qual é a parte mais forte do corpo humano, a maioria errará feio. Uns dirão que é o punho fechado, capaz de derrubar adversários num golpe bem dado. Outros apostarão nas pernas, que nos sustentam e nos levam aonde quisermos. Mas eu, caro leitor, vos digo: a parte mais poderosa do corpo humano não tem um osso sequer para se apoiar e, ainda assim, causa estragos que fariam qualquer guerreiro medieval repensar suas estratégias.
Sim, estou falando dela: a língua!
Esse músculo despretensioso é mais afiado que as espadas de Toledo e mais destrutivo que o martelo de Thor. Com um simples movimento, pode levantar um império ou reduzir a pó uma reputação. Um elogio bem colocado eleva egos, enquanto uma fofoca destrói carreiras mais rápido do que uma falha na Bolsa de Valores.
Nas rodas sociais, a língua se torna um verdadeiro agente do caos. Em festas de família, por exemplo, um simples "Você engordou, hein?" já é suficiente para provocar uma Terceira Guerra Mundial no grupo de WhatsApp dos parentes. No trabalho, um "Ouvi dizer que vão cortar custos" faz brotar um desespero coletivo maior do que o fim do cafezinho grátis.
O pior é quando ela se camufla sob o véu da "opinião sincera". Há quem acredite que ser honesto significa despejar verdades sem filtro, como se a educação e o bom senso fossem meros detalhes. "Eu só estou sendo sincero", dizem, enquanto destroem sonhos alheios com a sutileza de um rinoceronte na loja de cristais. E quando apoiada em "conversões sociais toscas" o estrago é infinitamente maior.
A verdade é que a língua, quando usada sem freios, é um desastre natural de proporções épicas. Mas quando bem utilizada, é uma ferramenta capaz de espalhar gentileza, construir pontes e unir pessoas. O problema é que, na prática, o segundo uso parece ser menos popular. Afinal, falar bem de alguém nunca rendeu tanto ibope quanto uma fofoca suculenta.
No fim das contas, talvez a maior prova de força não esteja em usá-la sem limites, mas sim em domá-la. Porque segurar um soco é fácil. Difícil mesmo é segurar a língua!
É verdade... a língua é um bem precioso e um mal necessário.
Grande verdade. Parabéns, pelo clareza das palavras, e pelo excelente texto.