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Memória Viva

19 de Agosto, Dia do Historiador, lembra Joaquim Nabuco e historiadores pauloafonsinos.

Na Academia de Letras de Paulo Afonso, o resgate da história e da memória é preocupação permanente.

Publicada em 21/08/22 às 16:10h - 646 visualizações

Antônio Galdino - Atualizada em 22/08/2022 às 00:13h


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19 de Agosto, Dia do Historiador, lembra Joaquim Nabuco e historiadores pauloafonsinos.
 (Foto: Net e acervo do autor)

O Brasil dedica o dia 19 de agosto ao Historiador como uma homenagem ao pernambucano Joaquim Aurélio Barreto Nabuco Araújo – Joaquim Nabuco – que viveu entre os anos de 1849 e 1910 e foi historiador, diplomata, jornalista, jurista e deputado geral pela Província de Pernambuco. Ele nasceu nesse dia 19 de agosto de 1849. A criação do Dia do Historiador foi oficializada a partir do Decreto de Lei nº 12.130, de 17 de dezembro de 2009.

Ele foi um dos historiadores mais importantes do país e um dos responsáveis pela fundação da Academia Brasileira de Letras.  Compareceu às sessões preliminares de instalação da Academia Brasileira, fundador da cadeira nº 27, que tem como patrono Maciel Monteiro. Designado secretário-geral da Instituição na sessão de 28 de janeiro de 1897, exerceu o cargo até 1899 e de 1908 a 1910.

Joaquim Nabuco também ficou conhecido por ser um dos maiores abolicionistas do país. Aliás, Nabuco é o autor da célebre frase: “A escravidão permanecerá por muito tempo como a característica nacional do Brasil”.

A descoberta, pela pesquisa séria, de fatos e acontecimentos históricos, nem sempre presentes, melhor dizendo, quase sempre ausentes dos livros didáticos, é de uma importância grandiosa porque apresenta para as gerações atuais e para as futuras gerações o conhecimento que não está ainda nos registros oficiais.

Miguel de Cervantes, para citar apenas um dos que falam dessa importância, nasceu em 1547 e morreu em 1616 e em sua obra universal El ingenioso hidalgo Don Quixote de La Mancha, parte primeira, página 7 registra o seu pensamento sobre essa importância da História para a vida sobre a terra:

“História, a êmula do tempo, depósito das ações, testemunho do passado, exemplo do presente, advertência do futuro.“

Assim, a homenagem que se fez a Joaquim Nabuco há 13 anos atrás não só é o reconhecimento de suas excepcionais qualidades de estadista e historiador como estende aos demais pesquisadores dos fatos históricos, quase todos pouco reconhecidos por suas descobertas, como grandes contribuidores para o resgate das memórias e da história de um povo, um lugar, uma região.

Escritores, cronistas, geógrafos, professores são, na sua essência, historiadores ao apresentarem em suas construções literárias relatos de fatos, acontecimentos, pessoas e instituições que fizeram a história de um lugar, de uma região.

A Academia de Letras de Paulo Afonso – ALPA - tem entre suas atividades a preservação de história e da memória deste município e de outras terras sertanejas no seu entorno e isso tem sido apresentado na forma de livros, revistas, cordéis, estudos científicos do mais alto grau de reconhecimento.

Como se viu por estas terras sertanejas, muitas vezes, a história de séculos, milênios, está marcada, registrada nas pedras, no formato de desenhos coloridos dos sítios rupestres, como os descobertos recentemente pelos professores doutores Cleonice Vergne e Juracy Marques, nos povoados Rio do Sal, Malhada Grande, Mão Direita, no território do município de Paulo Afonso e têm sido estudado por Socorro Araújo, também da ALPA e também arqueóloga e pelos alunos e outros muitos arqueólogos das turmas formadas pela UNEB, para citar apenas a nossa região.

Os professores Socorro Araújo e Edson Barreto, membros fundadores da ALPA, queimaram as pestanas durante um bom tempo para resgatar a história da vida do Padre Lourenço, figura importante para a vida das populações mais humildes e sofridas de Paulo Afonso, italiano, como o seu amigo Dom Mário Zanetta que deixou um legado de valorização da vida dessas pessoas nos poucos anos em que viveu nessas terras pauloafonsinos até que uma caçamba atropelou a sua moto e ele deixou muitos um poucos órfãos...

Um tema regional, bem nordestino, o cangaço, de repente se transformou num assunto que tem mexido com os interesses de que desejam conhece-lo ainda mais e os estudiosos se organizam e percorrem lugares que foram importantes cenários desse ciclo. Em Paulo Afonso, a vasta região do Raso da Catarina facilitou a vida de Lampião e seus seguidores. E, de repente, uma casa no meio da caatinga, lugar onde nasceu a que viria a ser a companheira do cangaceiro, uma data de nascimento, descoberta pelo sociólogo Voldi Ribeiro agitam a história conhecida do cangaço e leva a outras descobertas e até acrescenta a oferta de atrativos turísticos e atrai visitantes outros, de outros lugares, até de outros países para conhecer de perto esta história.

O historiador João de Sousa Lima, também membro fundador da ALPA, tem dedicado anos de sua vida para encontrar uma cruz perdida no meio da caatinga, ter um relato de um sobrevivente, de um coiteiro, buscar os meandros de uma época em que o cangaço se espalhou por vários estados nordestinos, por dezenas de anos, levando o medo, o terror, mas também a admiração dos sertanejos que sentiam a ausência do poder legitimamente constituído e precisavam conviver nesse ambiente assustador... Esses estudos de João de Sousa lhe renderam muitos livros publicados e o reconhecimento dos estudiosos do assunto pela seriedade de suas pesquisas. As histórias não contadas de Paulo Afonso, também trazem resgates importantes de pessoas e instituições desta cidade.

Os registros feitos em vários livros por Luiz Ruben Bonfim, membro da ALPA, economista, turismólogo, também estudioso do cangaço, é o resultado de pesquisas nas publicações da época, jornais, revistas, livros históricos, que acompanharam o andar de cangaceiros pelo Nordeste e também estuda sobre a Estrada de Ferro Paulo Afonso, mandada construir nestas terras pelo Imperador D. Pedro II depois da visita que fez à Cachoeira de Paulo Afonso em 20 de outubro de 1859.

Como não entender a empolgação do Professor Doutor Edvaldo Nascimento, membro da ALPA, pauloafonsino, apaixonado pela história do cearense Delmiro Gouveia, nascido em Ipu/CE que chegou à região no início do século 20, em 1903 e em apenas 4 anos fez uma revolução tamanha nessas terras sertanejas. 

Assim como se entende o resgate das histórias de menino na Rua da Frente, por Gecildo Queiroz, as memórias familiares e seculares de Edson Mendes sobre as terras centenárias do Povoado Juá e do Raso da Catarina, berço de sua mãe e gerações bem mais antigas, onde o primeiro prefeito de Paulo Afonso, Otaviano Leandro de Morais construiu a primeira escola municipal de Paulo Afonso. 

Não há como não entender o resgate das histórias de tempos ainda anteriores ao nascimento do município de Paulo Afonso que Luiz Fernando Motta Nascimento, ex-aluno das escolas e Ginásio Paulo Afonso, da Chesf, do alto dos seus 83 anos continua compartilhando sobre a Chesf e até antes dela e seus pioneiros, em seus depoimentos e em seus livros.

Todos membros da Academia de Letras de Paulo Afonso, igualmente historiadores...

E Gilmar Teixeira que também adentrou pelas trilhas dos cangaceiros para falar de sua presença em Piranhas/AL e também tem estudado bastante e tem questionado aos quatro ventos em livro que já ganhou uma segunda edição: Quem matou Delmiro Gouveia?

Quando Marcos Antônio Lima relata a vida do hoje centenário Apolinário Domingos, em um livro não só traz à memória da atual e futuras gerações o começo da formação de um lugar como divulga ao mundo o Povoado Colônia, no município de Santa Brígida.

Ainda da região de Santa Brígida nos chegam as histórias de Pedro Batista, Madrinha Dodô, razão da fé de seus moradores pioneiros, de muitos dos dias de hoje e das Serras do Galeão e outras que formam a paisagem desse lugar, tudo registrado nos livros do historiador Alcivandes Santana, outro membro desta Academia de Letras de Paulo Afonso.

Como fazem outros membros da ALPA como Maciel Teixeira que conta a sua própria história de matuto, sertanejo da roça, hoje empresário, professor universitário, ou Gorette Moreira que em artigos mostra os primeiros passos da caminhada histórica da Câmara Municipal que completou 63 anos de vida e o Professor Roberto Ricardo que foca os seus registros na geografia do lugar que anda, emparelhada, com a história dessa região, como também faz Rubervânio Lima, ao estudar o cangaço associado ao cordel e também os aspectos do regionalismo sertanejo ou Thelma Acioly, que buscou resgatar suas memórias de infância em Paulo Afonso, nas margens do rio São Francisco.

Ressalto a importância de Lúcia Teixeira que buscou conhecer as histórias dos cordéis nordestinos para transformá-los em espetáculo de rua, uma forma diferente de contar as histórias para o povo, mas também se preocupou com a vida daqueles sertanejos cujas terras foram engolidas pelas muitas águas dos grandes reservatórios...

Há quem se dedique aos causos, crônicas, poesias, repentistas, cordelistas, que preferem contar as histórias de forma diferente falando de sentimentos ou do rio, dos encantos da caatinga, falam da história de sua própria vida como Jânio Soares, Fernando Pessoa Mota que já nos deixaram e Francisco Nery, Ivus Leal, Murilo Brito, Socorro Mendonça, Jovelina Ramalho, Francisco Araújo Aníbal Nunes, Jotalunas Rodrigues, Luiz José, Jean Roubert, Glória Lira, Sandro Gomes, José Fernando, Oscar Silva, Isac de Oliveira, Jacques Fernandes, Rafael Neto, Virgílio Wanderley, Jaime Jackson.

Quando, ainda em 1981, produzi a primeira revista sobre a história do município de Paulo Afonso – Paulo Afonso – Redenção do Nordeste, tinha em mim esse desejo de compartilhar com esta geração e deixar registrado para outras gerações, fatos, acontecimentos, descobertas sobre pessoas e instituições que não estavam ainda escritas em outros lugares. E continuei fazendo isso em meus 7 livros já publicados. A essência de todos eles é este resgate da história e da memória de um lugar, de pessoas, de instituições.

A Academia de Letras de Paulo Afonso reúne estes e outros tantos pesquisadores, professores, historiadores, que em suas publicações oferecem aos que conosco convivem nesta geração, aos estudantes ainda imberbes, aos que virão no futuro relatos que serão, certamente, ampliados, questionados, no futuro mas são, hoje, uma luz para que se compreenda melhor a vida que, ao longo dos séculos, tem habitado por essas terras sertanejas.

Por isso, aplaudindo o imortal acadêmico Joaquim Nabuco, aplaudo também cada um dos atuais historiadores brasileiros, pauloafonsinos, membros da Academia de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico e outros, cujo cuidado, além dos tempos, é sempre o de manter viva a história de um tempo passado, referência para o planejamento de um futuro promissor.

Antônio Galdino da Silva 

Pesquisador, historiador, escritor

Presidente da ALPA

Paulo Afonso, BA, 21 de agosto de 2022




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3 comentários


Geralda S Araújo

21/08/2022 - 19:50:25

Parabéns Galdino, por deixar-nos sempre bem informados, através dos artigos que postas.Irei divulgar, sim! Abraço grande


José Mauro de Oliveira

21/08/2022 - 19:32:19

Parabéns, amigo Galdino!Excelente artigo!Encaminhei ao grupo dos confrades da minha querida AGL.


Evaristo JB Cavalcanti

21/08/2022 - 16:53:54

Parabéns Prof. Galdino, pelo excelente artigo.Farei, com prazer, a divulgação mais que merecida.Forte abraço.


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