Entre o Coliseu Show e o Caveira, a nossa eternidade
Gilmar Teixeira é membro fundador da
Academia de Letras de Paulo Afonso - Cadeira 8
Tinha uma época em Paulo Afonso em que os domingos não eram apenas domingos — eram rituais sagrados. E nós éramos fiéis devotos, cada um com sua função bem definida: uns eram jogadores, outros mestres da gincana, alguns comandantes da torcida, e muitos — como eu — apaixonados espectadores da vida, que sabiam onde estava a verdadeira felicidade.
De manhã, antes mesmo do sol se afirmar no céu, já estávamos a caminho do Coliseu Show. Ali, sob o comando de Galdino e Nilson Brandão, éramos reis por um instante. Era o nosso Silvio Santos em versão sertaneja, tropical, elétrica. Gincanas, música, paquera, gargalhadas. A juventude inteira se espremia num canto do coração que pulsava forte — por um amor, por um prêmio, ou simplesmente por estar ali.
Mas a consagração vinha à tarde, no sagrado gramado do Ruberleno. Era lá que a cidade se transformava em estádio de Copa do Mundo. Nada, absolutamente nada, se comparava à emoção de ver o Caveira em campo. Um nome que já impunha respeito, e um time que impunha futebol. Não à toa, era o sonho de todo garoto da cidade: vestir a camisa do Caveira era como vestir o manto sagrado, era como jogar no Flamengo — ou até mais. E olha que eu falo isso com todo o respeito ao Rubro-Negro carioca. Mas aqui, em Paulo Afonso, o coração batia mesmo era pelo time da Rua D.
O Caveira era mais que um clube. Era uma entidade. Tinha a charanga de Gilvan Baixinho, a liderança barulhenta de Pelé da Rua D, e o incansável Catatau, que conseguia a proeza de tirar qualquer rival do sério só com os gritos. Era uma escola de futebol e de vida. Jogavam ali verdadeiros craques: Grilo, Joãozinho, Boi, Jorge de Seu Peri, Miro, Edmilson Buchecha, Dé Butica, Pitú, Miravan, Chicão, Nego Abel, Duda, Veio, Oscar Silva, Zé Maria, Jessé, Borrachinha, Moacir, Dedé, Anilton, Bosco, ... Era uma constelação que cabia num campo de terra e alma.
E os adversários não ficavam por menos. Os clássicos contra o COPA, Olímpico, Redenção, Portuguesa, Vasco, Cetenco... Era guerra santa, mas com dribles, gols e rivalidade que terminava em abraço no bar mais próximo.
Os técnicos, Peri Peri e Alonsão, eram nossos Zagallo e Telê. Comandavam a Máquina do Caveira com pulso firme e sabedoria popular. Eles não apenas montavam escalações: construíam sonhos, e o faziam com amor e suor.
Hoje, depois de tanto tempo, posso dizer com a alma cheia: entre escolher torcer pelo Flamengo do Rio ou pelo Caveira de Paulo Afonso, fico com o Caveira. Fico com a charanga, com a Rua D, com os domingos que não voltam, mas moram pra sempre aqui dentro. Porque há coisas que o tempo não apaga — só transforma em saudade bonita.
E a nossa, ah... A nossa veste preto e branco, bate tambor e grita forte: vai, Caveira!
* Gilmar Teixeira
COLISEU SHOW, era a nossa Alegria maior do Domingo! Inesquecível! Juventude livre, leve e solta! Muita MÚSICA, Aplausos, Vaias, Festa pura! Até inventei de Cantar (?); a 1 Música, "Vc é Doida Demais", me deram uma VAIA q "tremeu" o COLISEU; a 2, "Que Fazer P Esquecer", depois do Refrão, ESQUECI A LETRA; aí, tome VAIA novamente! Descendo do Palco do COLISEU, Eu disse a mim mesmo que Estaria ENCERRADA minha CARREIRA ARTÍSTICA, p Sempre!kkkkkk. Velhos tempos, Belos Dias! Saudade retada!
Recordar as coisas boas, é reviver. Parabéns, nobre confrade Gilmar Teixeira. Parabéns, professor Galdino por ser essa flâmula de nossa cultura e Artes.
Muito bom lembrar esse tempo, ver os amigos, que já não estão mais em nosso plano terrestre, lembrar do Coliseu show, que eu não perdia um domingo, a não ser quando minha vó mim colocava de castigo, 😌☺️☺️, por alguma traquinagem que eu fazia, tempo maravilhoso, que.nao volta mais, ficam só as saudades,amei o texto Gilmar, mais uma vez você arrasou.👏👏👏👏
Obrigado ao Escritor e Poeta Gilmar Teixeira por trazer à memória da nova geração esses bons tempos do Futebol em Paulo Afonso, com especial destaque ao grande CAVEIRA e a lembrança do nosso COLISEU SHOW que tive a alegria de apresentar por vários anos, ao lado do nosso saudoso Nilson Brandão e ainda por algum tempo também com a participação de Rubem Marques e Murilo Brito. Os espaços, neste site e no Jornal Folha Sertaneja continuam abertos. Saudações Acadêmicas. Prof. Antônio Galdino.