Vivemos na era da urgência, da pressa e da instantaneidade. O cansaço parece ser a moeda corrente dessa sociedade em constante movimento, onde a imagem se tornou a divindade digital a ser cultuada. Em meio a esse frenesi, o "bom ócio" se tornou uma raridade, um luxo que poucos se permitem. Mas quem são os beneficiados por essa sociedade do cansaço?
Num mundo onde a atenção é um recurso valioso, somos bombardeados por uma enxurrada incessante de informações, notícias, atualizações de redes sociais e conteúdo sob demanda. A busca pela validação na forma de likes e seguidores é a nova corrida pelo sucesso. No entanto, essa busca frenética pela imagem perfeita, pela vida aparentemente idealizada, tem um custo invisível: nossa saúde mental e emocional.
A saúde física não escapa dessa voracidade moderna. Muitos sacrificam horas de sono para cumprir metas e horários implacáveis. Alimentação rápida e pouco saudável se tornou norma, deixando nossa saúde em segundo plano. Estamos adoecendo para atingir padrões de felicidade comercial, enquanto negligenciamos o cuidado com o mais valioso ativo que possuímos: nós mesmos.
Mas a quem interessa esse ciclo vicioso? Certamente, as grandes corporações e plataformas digitais lucram com nossa atenção constante, transformando-a em capital. Quanto mais tempo passamos imersos nesse mundo de distrações, mais dados são coletados, mais anúncios podem ser direcionados e mais produtos podem ser vendidos.
A sociedade do cansaço é a sociedade do consumo desenfreado.
Entretanto, cabe a nós, indivíduos, reverter esse ciclo. É fundamental reconhecer que o "bom ócio" não é desperdício de tempo, mas uma oportunidade para refletir, descansar e nutrir nossa criatividade. Devemos priorizar a saúde, tanto mental quanto física, e não sacrificar nosso bem-estar em prol de padrões ilusórios.
Desafiar a sociedade do cansaço não é tarefa fácil, mas é uma jornada que vale a pena. Ao reconectar-se consigo mesmo, resgatando o valor do tempo livre e do autocuidado, podemos encontrar uma felicidade genuína, que não se mede em likes ou seguidores, mas em paz interior e equilíbrio.
No espelho da imagem, enxerguemos além das aparências e questionemos a quem realmente serve essa sociedade do cansaço. Somente assim poderemos reconquistar nosso tempo, nossa saúde e nossa essência, e retomar o controle sobre nossas vidas. Sermos um pouco mais humanos e menos manipulados...
Luciano Júnior
Do livro: Minhas Crônicas no Exílio
O autor alerta para as armadilhas que o mundo moderno está impondo ao homem. Cabe a nós fazermos a nossa parte.
Excelente texto e ótimo ponto de vista de uma realidade comum a muitos.