Em um mundo acelerado, onde o tic-tac do relógio parece querer engolir nossos dias inteiros, somos confrontados com a efemeridade da existência. José Saramago, mestre das palavras, observa que a vida é breve, mas sugere que nela cabe muito mais do que ousamos vivenciar.
Nossos dias se desdobram como páginas de um livro, e, muitas vezes, nos perdemos nas linhas apressadas, esquecendo que cada momento guarda a promessa de uma experiência única. No entanto, a correria incessante nos impele a viver superficialmente, como se o tempo fosse um ladrão ávido, levando consigo oportunidades não aproveitadas.
Saramago, em sua sabedoria literária, convida-nos a transcender a fugacidade da vida. Ele nos lembra que, apesar da brevidade, há uma riqueza inexplorada em cada instante. Cabe a nós desacelerar o passo, abrir os olhos e sentir o pulsar da existência com intensidade.
Assim, devemos nos despir da pressa que nos assola, como se o amanhã fosse a única página digna de atenção. Há um universo de descobertas à nossa espera, entrelaçado nos segundos que teimamos subestimar. Cada sorriso, cada lágrima, são capítulos que moldam nossa narrativa pessoal.
A vida, afinal, não é apenas a soma dos anos que acumulamos, mas a densidade das experiências que colecionamos. Saramago nos convida a preencher nossa existência com histórias autênticas, a mergulhar em aventuras que transcendem a monotonia do quotidiano.
Assim, na brevidade que nos é concedida, encontramos a oportunidade de viver plenamente. Que cada amanhecer seja um convite para explorar, sentir e abraçar o efêmero esplendor da vida, pois, como Saramago sugere, em sua brevidade, cabe um mundo de possibilidades que aguarda ser desvendado.
Luciano Júnior
Do livro: Minhas Crônicas no Exílio
Saramago era ateu. Claro que ele só se ligava nesta vida.