Nesses dias de abril, em que nos lembramos e nos voltamos para gestão do ex-prefeito Abel Barbosa e Silva, em cujo mandato, nos últimos anos do governo militar (1979/1985) foi criado o Departamento Municipal de Turismo (DEMTUR), a Associação de Guias de Turismo de Paulo Afonso (AGTURB/BA/PAV), a terceira a ser criada no Brasil (em 1984).
Neste mês de Abril, mês do aniversário de um ano da morte de Abel Barbosa, veio à memória, com força, um texto de um jovem chamado José Carlos Feitosa, conhecido por Carlinhos da Sala dos Visitantes, que sempre falava de Paulo Afonso, da grandeza da Chesf e suas usinas hidrelétricas, da majestosa Cachoeira de Paulo Afonso, das histórias do cangaço... Estes temas o levaram a formar-se em História.
Nesses meses de Março e Abril quando tanto se fala, mais uma de tantas vezes, sobre o nosso Velho Chico que agoniza e morre pela ganância e o desprezo dos homens, nós nos lembramos dos tempos áureas da Cachoeira de Paulo Afonso, que entre os meses de março e abril, mesmo com as comportas das barragens travando a sua força, explodia num turbilhão d e águas vigorosas...
E, certamente foi em momento de contemplação assim, como nesta foto de Walter Souza, que Zé Carlos escreveu "O grito do Velho Chico", há 40 anos atrás...
Carlinhos nasceu em Sertânia/PE, em 19 de Março de 1950. Com 19 anos já estava trabalhando com balconista do Armarinho Imperial. Por pouco tempo. Logo entrou como recepcionista da Chesf, onde aprendeu muito com D. Socorro Magalhães, a gerente da Sala dos Visitantes que, ao se aposentar o deixou em seu lugar.
Ali, acumulava as funções de recepcionista,
gerência da Casa da Diretoria da Chesf e cuidava do serviço de alimentação e
hospedagem mantidos pela hidrelétrica do São Francisco.
Muito jovem ainda, aos 46 anos o coração o tirou da labuta diária. Foi
transferido para o Recife e ali poder cuidar melhor da saúde. Ainda resistiu
por 10 anos quando um segundo infarto o tirou do nosso convívio.
Quando, nesses dias, nos lembramos dos 35 anos da AGTURB e vemos José Carlos entre os guias pioneiros, nos lembramos de um pequeno poema que ele fez, há 39 anos atrás, em 1980, onde já previa que as muitas águas da Cachoeira de Paulo Afonso, que ele apresentou tantas vezes a importantes visitantes da Chesf, perderia a sua pujança e seria, como ele já imaginava, “apenas um retrato na parede”...
Leiam o seu poema e vejam as imagens da Cachoeira de Paulo Afonso em sua plenitude e “apenas um retrato na parede” - (Professor Galdino – 18/04/2019) (VEJA mais fotos na galeria abaixo)
O grito do Velho Chico
José Carlos Feitosa
Rio São Francisco,
Rio da integração,
Fazer desse torrão teu caminho
É o grande presente do Criador.
Como criatura te agradeço,
O Nordeste de abraça e reverencia,
Te admiro velho guerreiro,
Tu, destemido e generoso nos trazes alento,
Tu nos fazes esperançosos e corajosos
Rasga teu leito neste chão árido,
Suavizas nossas agruras,
E com força empurras o mar.
Escuto teu grito perdendo forças,
Quem dera perpetuar o teu curso,
Eternizar o véu da noiva...
Choro contigo meu Velho,
Sei que as quedas da cachoeira
Serão, em breve, apenas um retrato na parede.
Paulo Afonso, março de 1980.