Lá está ela embaixo da pia do banheiro. É minha amiga das primeiras horas. É a primeira pessoa a quem dou bom dia. E ela responde! Como me sinto bem com o bom dia de volta da minha aranha de estimação!
Já lhe perguntei, ela que desceu do forro, deixou o clã lá por cima, e veio ser minha amiga nesses tempos de poucos amigos, o que poderia fazer mais por ela. Todos já estão avisados: ela é minha amiga! Está colocada sob minha guarda. E como ela me devolve felicidade sem fim! O pessoal está avisado: preservar a minha amiga. Na lavagem do banheiro, proteger aquela que desceu do céu das aranhas e se ofertou ela mesma a mim. Como disse antes, gostaria de ajudá-la um pouco mais. Embora ela pareça entender, eu não falo a linguagem das aranhas. Deus desceu do céu e se encarnou para se comunicar com os homens. Ele é o Todo-poderoso. Eu, formiguinha nesse mundo.
E sabe o leitor qual o meu inimigo número um quando era criança? As aranhas! Elas me davam pavor! Tinha pesadelos com elas. Eu não entendia o seu papel na criação. Eu as matava sem dó nem piedade! ...
E uma aranha, uma simples aranha no meu banheiro, acaba de me ensinar; acaba de demonstrar o poder do amor. Ele remove montanhas, o leitor sabe disso. Sabe melhor do que eu. Sabe! Ele sabe. Você sabe. Nada além do amor!
E que mais, leitor? Nada. Se eu falar um pouco mais, vou estragar tudo. Ficamos por aqui.
Francisco Nery Júnior