Falamos de Sérgio Moro no Senado na conversa anterior. A reação chegou. O tema apaixona. Ninguém gosta de ser enganado. No cancioneiro, todo mal do sabido é pensar que não é enganado. Talvez por isso engane. Corrupção, vemos em todo o mundo. Mas convenhamos que no Brasil ela é endêmica.
O ser humano é corrupto desde Adão que se deixou levar por Eva. Caim matou Abel e Esaú perdeu a primogenitura por um pedaço de uma gororoba qualquer. E na história mundial, impérios caíram e reinos desabaram por causa de pequenos pedaços de corrupção.
Por que somos corruptos? (Quem escreve não está no pedestal da imunidade.) Mas por que somos corruptos, então? Se abominamos, quase todos, a corrupção, porque, então, a corrupção dentro de nós? Talvez a explicação esteja na construção anterior. Ela está dentro de nós.
Se dentro de nós, e não pretendemos citar o pecado original que temos de DNA passado, a solução tem que vir, necessariamente de nós. De dentro para fora, que pode construir ou contaminar. Se ingerimos, com a nossa vontade, os antídotos necessários, antídotos que não contaminam, estamos, então, combatendo a corrupção. A nossa, e não a dos outros. Em cada um assim fazendo, acabada a corrupção.
Por que vemos, insistimos, filhos enganando velhas mães viúvas, colegas de diretoria solapando a instituição dos operários, parceiros minando os recursos públicos das mais variadas maneiras – e nisso são doutores – por quê?
Além do que já foi dito, poderia, a causa, ser a impunidade, a falta de fé, ausência de cultura no sentido primário do termo, desleixo ético. A tradição de impunidade dos privilegiados no Brasil fez o Sérgio Mouro. Fê-lo herói. Sociedade que despreza os seus anciãos, abandona a igreja, descaracteriza a família e destroça a escola (na cabeça do leitor pode estar o termo esculhambação), só pode evoluir para a corrupção.
A vida é combate, disse o poeta. E disse bem. Disse o que nos difere dos animais. Deus assim nos fez. Foi um dom concedido. Não foi um peso, um castigo, uma maldição. Ele não desejou criar robôs. Carece, assim sendo, lutar o bom combate. Nada melhor que a vitória suada. Nada melhor que a vitória vista pelo adversário, senão pelo inimigo. Naquilo que falam mal de vós, diz o sábio Paulo de Tarso, atestam a [vossa] vitória.
A vitória é sua, digno leitor. Está nas suas mãos fazer-se um vencedor. Os maus, os maus fatalmente se destruirão por si mesmos.
Francisco Nery Júnior
Caro leitor, queira substituir, no segundo parágrafo, Eliseu por Esaú. Desculpe-me a falha.