A cidade que queremos será administrada pelo Príncipe que escolhemos. Pelas virtudes, ou pela fortuna, dado que a sorte é imponderável, será responsável por este bem que, provisoriamente, lhe entregamos – a cidade física, mas também a cidade intangível, mítica porque idealizada, sonhada, desejada, projetada, introjetada em nossas mentes e em nossos corações.
Não o elegemos para fazer “politica”. Nem fortuna. Sobrepõem-se a seus direitos particulares o dever e a responsabilidade. Prestar-nos-á contas do que faz, e como faz.
Concedemos-lhe, por isso, a contrapartida dos benefícios, salários, vantagens e prerrogativas, e mais o reconhecimento e a gratidão do colégio eleitoral, isto é, a população de seus colegas munícipes. Fará bem se agir corretamente, e esta é sua obrigação. Com a competência que identificamos, com a honestidade que lhe atribuímos, posto que lhe confiamos, na casa comum, a chave do cofre. Seu mandato é também um mandado, e será exercido a partir dos valores que juntos comungamos.
O povo faz o príncipe, e que o faça com o suporte da qualificação processual do colégio eleitor é a premissa fundamental. Para que, em nome de todos, nos conduza em busca da felicidade - o sumo bem - privilegiando o que nos favorece, evitando o que nos prejudica, ou seja, as práticas que entendemos nocivas ao bem estar dos indivíduos e da coletividade.
Vigiar e punir, embora seja necessário, não é o fundamento. É possível cuidar das ações, e antecipar os resultados, se antes cuidarmos da prática e das expectativas, numa interação física, e metafísica, entre causa e efeito, valores e princípios.
Embora nos diga o senso comum que o homem deve conduzir-se por seus valores, e isto é verdade, para o que propomos há distinção entre valores e princípios, que se confundem, e nos confundem, se faltar acurácia no ver, no sentir e no pensar. O humor e a verve do velho Machado acode os míopes, e entre eles me incluo antes da pesquisa: “...há leitores tão obtusos que nada entendem se lhes não relata tudo e o resto. Vamos ao resto...”
Valores são normas sociais, crenças e ideais que estabelecemos para nós mesmos, e representam a importância ou prioridade que atribuímos a pessoas, coisas, ideias e princípios. Internos, são baseados no modo de ver o mundo, e influenciados por nossa formação, pela sociedade e por reflexão pessoal. São pessoais, emocionais, subjetivos e contestáveis.
Princípios são leis naturais, verdades fundamentais, e geram resultados previsíveis.
Externos a nós mesmos, atuam com ou sem nosso entendimento e aceitação, sendo evidentes por si mesmos e capacitadores quando os compreendemos. São impessociais, factuais, objetivos e auto-evidentes, ou incontestáveis.
Como exemplo de valores, citemos a honestidade, a generosidade, a lealdade, o “jeitinho brasileiro”, a corrupção, o ódio, a indiferença, o egoísmo, o altruísmo, a solidariedade.
E como exemplo de princípios nomeamos a finalidade, a proatividade, a importância, a expectativa, a capacidade, a competência.
Lembremos o nosso destino - para onde vamos? O princípio da finalidade nos capacita para todos os colégios, se o compreendemos. Os valores guiam nosso comportamento. Os princípios controlam as consequências. Não é este o ponto?
Como já vimos, comece pelo fim. A direção é mais importante que a velocidade...