Ele ganha pouco e nem sempre ocupa lugar de destaque na sua comunidade. É quase sempre jogado na sala de aula para a construção solitária dos alunos de todas as vocações. A ênfase dos planejamentos e a preocupação básica das reuniões, não podemos dizer que levam em conta primordialmente o trabalho penitente da sala de aula. É assim e assim acontece sem que os envolvidos no processo pareçam perceber.
O professor é um solitário inveterado na tarefa de instruir e educar. A estrutura burocrática despreza a primeira enquanto a família despreza a segunda. De fora, mais do que de dentro, a percepção que o mestre é de fato um abnegado. Ele não desiste. Desprezado, não desiste. Achincalhado, segue em frente. Escanteado, mantém o curso duramente escolhido. Sabe que o reconhecimento [só] virá na vigésima-quinta hora; tarde demais.
Não é fácil ser professor. A afirmação é do senador Confúcio Moura em discurso no Senado da República. “No tempo em que a família se abstém de ajudar o professor na tarefa de educar, o que pode fazer o professor?”, indaga o senador. Quando cada vez mais alunos ameaçam os seus mestres, agridem e insultam, como instruir e educar? “O professor tem que ser protegido”, segue o parlamentar. “Este é o assunto: proteger o professor!”, conclui o seu discurso.
E manda um recado direto aos senhores prefeitos: “Não esperem muito de Brasília. Invistam pesado nas escolas da periferia”.
E nós ficamos felizes em reproduzir as citações de um senador muito bem avaliado no seu estado de Rondônia, bem como lembrar o lamento do filósofo Mário Sérgio Cortella ante a renúncia incompreensível das famílias para a tarefa de educar.
Francisco Nery Júnior