Há cem anos um economista famoso predisse que o Brasil seria sempre o país do futuro. Ainda bem que não predisse o país do passado. Podemos estar chegando a esse tão sonhado futuro certo. Elegemos uma boa leva de deputados e senadores que parecem estar prevalecendo sobre o que poderíamos denominar de traição ao povo brasileiro. Os velhos políticos da boca torta pelo cachimbo da acomodação e da corrupção estão perdendo a batalha. Começam a desaparecer do cenário do egoísmo e da roubalheira.
Indiscutivelmente temos um governo que deseja acertar e um líder que joga todas as fichas no sucesso da política econômica. Jair Bolsonaro aposta no tudo ou nada. Como Dom Quixote, o hidalgo autoproclamado defensor dos desfavorecidos, se lança, o seu Sancho Pança fielmente a cuidar da economia, no bom combate das reformas sem as quais todo o esforço dos trabalhadores do Brasil desce ralo abaixo.
Certo que todo líder populista demonstra não saber governar. Eles geralmente derrubam o status quo e não conseguem montar uma boa estratégia de governo. Perdem-se nos detalhes e aceitam as provocações de velhos e agoureiros coronéis. As exceções são os que escolhem se assessorar com bons conselheiros. Nisto o presidente parecer acertar.
A prudência recomenda reserva. Em economia, nada pior que o pânico. O investidor – cada um de nós é um investidor - busca segurança para investir e aplaude a transparência das propostas do governo que conta com um Congresso afinado com a Equipe Econômica.
O Banco Central reduziu a taxa Celic para 5% em outubro e promete trazê-la para 4,5% em novembro. O resultado imediato da queda da taxa Celic é a redução do custo da dívida pública, o principal problema fiscal do Brasil. De 501 bilhões em 2015, o custo da dívida caiu para 349 bilhões em 2019. Com a queda da taxa básica, os bancos começam a reduzir a taxa de empréstimos, fundamentais para quem deseja produzir.
Por outro lado, a queda da taxa de juros reduz a remuneração da poupança. A consequência negativa é o desestímulo para poupar num país que se acostumou a buscar a renda fácil nas aplicações financeiras. O lado bom é a busca pelo conhecimento do mercado de ações e a aplicação do capital acumulado em imóveis, abertura de pequenos negócios e aumento do varejo. Com a redução da remuneração da poupança, a tendência é as pessoas gastarem mais no varejo, forçando o aumento da atividade industrial com a consequente geração de empregos.
A vantagem das crises econômicas periódicas é a busca pela excelência. A falta da crise geraria acomodação. Paradoxalmente, só se cresce no período de crise.
A política econômica do ministro da Economia, Paulo Guedes, após as aventuras desastrosas dos últimos anos no Brasil, começa a dar resultado: o varejo começa a crescer, o setor de construção civil se aquece, o dólar está em queda e a Bolsa de valores de São Paulo pela primeira vez ultrapassou os 100 mil pontos quase alcançando os 120 mil. A Petrobras, sem roubalheira, se firma como empresa séria e os leilões do pré-sal começam a render bilhões de dólares para os cofres do governo. Sem capital próprio, explora o óleo da plataforma marítima em parceria com empresas estrangeiras, antes que as energias alternativas diminuam a importância do petróleo.
Passada a chamada Reforma da Previdência, o Governo Federal se prepara para enviar para o Congresso a Reforma Administrativa que, antes da Reforma Fiscal, esperamos todos venha acabar com os privilégios indecentes do setor público pagos com o suado dinheiro do contribuinte brasileiro. (Francisco Nery Júnior)
P.S. O artigo já pronto e assinado, a Globo News transmite excelente e oportuna entrevista do ministro da Economia, Paulo Guedes, a propósito de medidas enviadas para debate e aprovação do Congresso Nacional que o ministro não gosta de denominar “pacote”. Dentro da sua visão de descentralização, a possibilidade de repassar para estados e municípios, para aplicação em infraestrutura, em 15 anos, 400 bilhões de reais hoje alocados em fundos constitucionais muitos deles sem lógica nem sentido. O ministro cita o “clima extraordinário no Congresso” e diz que adoraria zerar o déficit com esses recursos e zerar as estatais, segundo ele fonte de empreguismo, ineficiência e corrupção. Afirma que o presidente e o Congresso são reformistas e não concorda em “tirar dinheiro do pobre e não tirar do gato gordo”. Até parece que o ministro andou lendo a nossa coluna nos últimos dez anos quando diz que “estamos nos endividando como se não existisse o amanhã”. Temos que enfatizar que, sem o apoio da população, nada disso será possível. (Francisco Nery Júnior)