O imortal Alcivandes publicou, na Folha Sertaneja, artigo em que entendemos versar sobre o desvirtuamento do Natal, as boas novas do nascimento do Messias que haveria de vir ao mundo. O leitor pode visitar. Ainda está lá.
Sem dúvida nenhuma, a distorção é flagrante. A substituição subliminar do menino da manjedoura pelo Papai Noel do trenó é inegável.
A ocidentalização do nascimento de Jesus trouxe consigo as renas, a neve e o pinheiro do Natal. Aliás, a tradição portuguesa do Natal é o presépio. Eu e meus irmãos, meninos, sempre passávamos na casa de dois velhinhos, no início da nossa rua, na época do Natal. Nos deliciávamos com o velhinho a rodar a manivela do presépio e com o sorriso de salvação da velhinha, sua companheira. O menino Jesus na manjedoura e o jumentinho a comer o feno. Era a representação da estribaria em que Jesus nasceu.
Mas seria a nossa maneira de representar o Natal totalmente nociva para a educação religiosa, pra não dizer espiritual, ou mesmo psicológica, das nossas crianças?
O Le Figaro de Paris de hoje, 21 de dezembro, tenta nos induzir à essa consideração. Vá lendo o leitor e, ouso sugerir, me ajude a resolver um dilema: o indivíduo que furtou – arrancou se o leitor preferir – o Papai Noel gigante da Praça das Mangueiras teria lido tudo isso que andamos escrevendo?
Tradução da matéria do Le Figaro:
Psicologia: deixar as crianças acreditarem em Papai Noel é um presente envenenado?
Sobre a ciência sob o pinheiro – Exercício moralmente ambíguo ou lindo conto infantil que ajuda a desenvolver? Além do aspecto mercantilista, o equilíbrio benefícios/riscos do velhinho bonachão de barba branca sobre a psicologia das crianças não está claramente estabelecido. A questão suscita o debate.
Escreve Soline Roy: vale a pena deixar os meninos crerem nesse gordinho bonachão voando de chaminé a chaminé para oferecer às crianças do mundo presentes embalados em fitas vermelhas?
“A mentira é um exercício moralmente ambíguo”, afirmaram dois psicólogos da Universidade d’Exeter (Grâ-Bretanha) e da Universidade de Nova Inglaterra na Austrália em um ensaio publicado pelo Lancet Psychiatry em dezembro de 2016. “O adulto confortando uma criança ao lhe dizer que o seu animal de estimação que morreu partiu para um lugar especial (um paraíso para os animais), é sem dúvida melhor que aquele que lhe diz a verdade.”
Francisco Nery Júnior
Imortal da ALPA - Cadeira Nº18
NR
Para ver o artigo de Alcivandes, sugerido pelo Professor Francisco Nery, clique no link:
http://www.folhasertaneja.com.br/noticias/opiniao/416311/1